Com outra figura da musica popular brasileira, a história não seria diferente. Guilherme Arantes muito antes de fazer sucesso comercial nos anos 80, se beneficiando principalmente, com o fato de que suas musicas, era sempre incluídas em novelas da TV, por mais estranho que seja, também flertou com o gênero progressivo.
Guilherme foi um adolescente privilegiado, já que tinha um tio que trabalhava na TV Record e com isso ele pode assistir ao vivo boa parte daqueles grandes festivais da MPB em São Paulo, que levantava o publico com suas disputas musicais, como Caetano Veloso, Mutantes, Chico Buarque entre outros. Teve aulas de piano e montou conjuntos sem grande destaque no final dos anos 60 e inicio dos 70 que tocavam basicamente musicas da Jovem-guarda e dos Beatles. O primeiro deles foi o que montou com colegas de escola, chamada “Polissantes”, este que tinha entre seus integrantes o ator Kadu Moliterno. Mais tarde, acabou conhecendo varias pessoas no meio musical, e dessa maneira, por ter certa habilidade com o piano, foi convidado a tocar na banda de Jorge Mautner, e fez diversas apresentações com o mesmo, mas sabia que não era por muito tempo, então, optou por fazer Faculdade de Arquitetura, depois acabou não indo bem nos estudos, e entre conversa e outra com colegas, do tipo “quem toca o que”, acabou conhecendo Claudio Lucci, um excelente violonista, e com ele logo foi procurar um velho amigo, Diógenes, que Guilherme até hoje considera o melhor baterista que viu tocar em toda sua vida, e ainda Gerson Tatini, baixo, e Egydio Conde, guitarrista, convidados a entrar logo depois. Estes dois exitaram entrar no começo, pois não estavam muito disposto a acompanhar nenhum cantor. Alguem teria comentado com eles, "Tem um cara que tem umas musicas ". Mas teriam mudado de idéia depois que ficaram sabendo que a intenção era a gravação de um disco.
E assim, no começo de 1974, em São Paulo, estava formado a banda Moto Perpétuo, nome do um clássico composto por Nicolo Paganini, e que fazia jus a ponte do rock progressivo (estilo que era uma novidade, e que os estudantes ouviam muito na época) com a MPB, principalmente mineira, influência do Clube da Esquina.
Na época os Secos e Molhados era a banda da vez, mesmo com a saída de Ney, a mídia e o publico os idolatravam, e Guilherme, sempre com bons contatos, procurou Moracy do Val, que administrava os Secos na época para fazer a direção de produção da banda. Eles ficavam horas a fio numa casa no bairro do Brás, fazendo verdadeiras maratonas diárias de ensaios. Eram brigas constantes de idéias e discurssões para prevalecer um arranjo definido para cada canção.
Os integrantes da banda nesse meio tempo brigavam com Guilherme inconformados dele marcar, precipitadamente, horas num estúdio para fazer a gravação do disco que tinha condições simples. O que na verdade eles não queriam era gravar o disco num estúdio com poucos canais , já que eles sabiam que bandas como o Yes gravavam em condições muito superiores. Principalmente Gerson que chegou a perguntar para Guilherme, se ele não ouvia discos pro acaso. Mas mesmo com desentendimentos com Gerson e Egídio, que eram os mais radicais fãs de progressivo da banda, enquanto Guilherme tinha aptidões mas para a MPB do Clube da Esquina e Elton John, a banda registrou seu único disco, entre setembro e outubro de 1974, com o produtor renomado, Peninha Smith, fazendo milagres no estúdio Sonima, em apenas 8 canais. O disco em stereo lançado com uma boa arte de capa, saiu pelo selo Continental, e destaca arranjos muito arrojados em comparação ao que existia no Brasil na época.
Link:
1974 - Moto Perpétuo
Muito obrigado por publicarem esta raridade. Parabéns pelo blog!
ResponderExcluirLeandro Primo