Prog

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sábado, 23 de março de 2013

Sagrado Coração da Terra

A banda mineira, sempre liderada pelo fundador, o compositor e violinista Marcus Viana, foi criada em 1979, logo após sua saída da então extinta Saecula Saeculorum. Lançou seu primeiro disco em 1984, que teve ótima repercussão no exterior (particularmente no Japão, onde eram lançados primeiro em CD). Apesar disto, no Brasil, só se tornou efetivamente conhecida do grande público após a inclusão da canção "Flecha", de seu 2o. disco (homônimo), na trilha sonora da telenovela "Que Rei Sou Eu", da Rede Globo, com direito a exibição de seu respectivo clipe no programa dominical "Fantástico".


Além de explorar a música instrumental, inclusive com a utilização de violino, e letras que faziam refência a paz e o culto à natureza, a capa de seus álbuns eram visualmente bem elaborados.
Ao compor a canção "Tango" para a minissérie "Kananga do Japão", da Rede Manchete, Marcus conheceu Jayme Monjardim, que posteriormente convidou-o a compor a trilha da próxima grande produção da emissora: Pantanal, que fora o fio condutor de "Farol da Liberdade", terceiro CD da banda, que continha duas canções da novela, além da a própria Suíte Sinfônica, esta última assinada apenas por Marcus mas ambas lançadas com o mesmo argumento (préviamente citado), na mesma época. O tipo de música utilizado na trilha foi tão marcante e inovador quanto a própria sensação causada pela telenovela, com fartura de imagens da natureza e temática distinta da que era normalmente adotada pelas produções da Rede Globo. A partir de então, Marcus depositaria suas principais atenções não apenas sobre o Sagrado, mas também sobre sua carreira solo.

Depois do lançamento de Grande Espírito em 1993 o grupo entrou em um longo hiato que só teria fim em 2000, com o lançamento de um disco composto de inéditas e alguns rearranjos de trabalhos de Viana e até da canção "Terra" de Caetano Veloso intitulado "À Leste do Sol, Oeste da Lua". Dele participam antigos membros e convidados como André Matos, na época, recém saído do Angra. No ano seguinte é lançado "Sacred Heart of Earth", um CD voltado para o mercado exterior, com canções importantes na carreira do Sagrado repaginadas e com letras em inglês. Em 2002 saíram duas coletâneas que também traziam algumas novas edições e arranjos: "Coletânea I - Canções" e "Coletânea II - Instrumental".
O Sagrado Coração da Terra encontra-se em jejum de shows, mas ainda participa de gravações em estúdio junto a Marcus Viana e em breve será gravado o primeiro DVD, que terá edição dupla.


quinta-feira, 21 de março de 2013

Yes



 Sem dúvida, uma das mais bem-sucedidas bandas de rock progressivo dos anos 70, o grupo britânico Yes, ao contrário de outros com as quais são frequentemente comparados (King Crimson, ELP, Genesis) mantém até os dias de hoje o mesmo som "cósmico", virtuoso, com belos vocais, arranjos extremamente complexos com influência de música clássica e grandes desempenhos individuais, mesmo com as constantes mudanças de formação.
A marca registrada do Yes reside principalmente no talento e criatividade do baixista Chris Squire (que inspirou outros da época, como John Deacon do Queen), ex-membro da banda Syn. Ele se juntou em 1968 ao vocalista Jon Anderson (ex-Warriors e ex-Gun), que, assim como Squire, gostava do estilo de vocais em harmonia e instrumentação forte. Começaram então a fazer um som que usava essas harmonias em conjunto com uma base sólida de rock, devido ao estilo preciso de Squire no baixo. Juntaram-se ao tecladista Tony Kaye, ao guitarrista Peter Banks e ao baterista Bill Bruford (considerado por muitos como o melhor baterista de rock progressivo do planeta), e o nome Yes foi escolhido.
O primeiro álbum, auto-intitulado, foi lançado em 1969 bem dentro do estilo psicodélico da época, já mostrando alguns elementos criativos que viriam a se consolidar (influências folk e clássicas, produção despojada, vocais altos e inpecáveis, toques de "space rock" no qual o Pink Floyd era especialista). Seguiu-se Time and a Word de 1970, mais sofisticado e mais característico, com presença de orquestra. The Yes Álbum de 1971 apresenta o guitarrista Steve Howe, virtuosíssimo no violão clássico, que ajudou a fazer desse um álbum muito mais complexo, com maior peso na guitarra e no baixo, e grandes passagens de bateria.
O Yes começava a atrair atenções, e a aparecer nas paradas do Reino Unido (#7), chegando a fazer sua primeira turnê pelos EUA (abrindo para o Jethro Tull). Depois de Peter Banks, foi a vez de Tony Kaye sair, e seu substituto foi a figuraça Rick Wakeman, excelente tecladista de marcante presença de palco que usava uma parafernália de equipamento (usava nos shows dois ou mais pianos, vários sintetizadores, Mellotron, órgão, harpsichord elétrico). Essa formação, Anderson, Bruford, Howe, Squire e Wakeman é considerada a melhor, embora tenha durado cerca de um ano (71-72 a 72-73), que lançou os 2 melhores álbuns do Yes - Fragile e Close to the Edge.
Fragile é da transição do psicodélico para o progressivo, e tem grandes clássicos, como "Roundabout" e "Heart of the Sunrise", além do fato de que das 9 faixas, 5 são desempenhos individuais de cada um dos membros! A mais marcante delas é "The Fish" de Chris Squire, onde todos os riffs, seção rítmica e sons de fundo são de diferentes distorções do baixo. Close to the Edge é marcadamente progressivo, com 3 longas faixas e um Rick Wakeman tocando soberbamente. A turnê de 1973 é registrada no triplo vinil Yessongs, já com o novo baterista, Alan White. Depois de Tales from Topographic Oceans (de 1974, um álbum duplo com 4 músicas - 1 por lado do vinil) foi a vez de Rick Wakeman sair, dando lugar a Patrick Moraz. Relayer (1975) é gravado, com um som pendendo para o jazz. Wakeman voltou em Going for the One (1977) e Tormato (1978). Drama (1980) é o único disco do Yes sem Jon Anderson nos vocais, já que ele e Wakeman saíram, e foram substituídos por Geoff Downes (tecladista) e Trevor Horn (vocal e guitarra), ambos ex-Buggles ("Video killed the radio star"). O resultado final foi fraquíssimo, e a banda se dissolveu.
No entanto, o Yes voltou triunfalmente em 1983, com seu álbum 90125 e seu grande hit "Owner of a Lonely Heart", com Jon Anderson e Tony Kaye de volta, e o guitarrista sul-africano Trevor Rabin. O Yes revivido lançou álbuns relativamente bem sucedidos nos anos 80 e 90 (sempre com mudanças na formação): Big Generator (1987), ABWH (1989), Union (1991), Talk (1994), mas nenhum desses chega perto do som genial dos anos 70.
E, surpresa das surpresas, em 96 o velho Yes está de volta! Rick Wakeman e Steve Howe estão no lugar de onde não deveriam ter saído, e o álbum Keys to Ascension é um excelente CD duplo ao vivo, com os velhos clássicos do Yes. No ano seguinte temos o Keys to Ascension II, trazendo mais clássicos ao vivo da banda. Em novembro do mesmo ano sai o "Open Your Eyes", trazendo um Yes tentando recriar um pouco da atmosfera da época do "Big Generator", e contando com Jon Anderson nos vocais, Steve Howe nas guitarras em geral, Chris Squire no baixo e Alan White na bateria, juntamente com Steve Porcaro, Igor Khoroshev e Billy Sherwood nos teclados - este último atuando também na guitarra e nos vocais.
Em setembro de 1999 a banda lançou mais um álbum, "The Ladder", que conta com a mesma formação do trabalho anterior. Saíram em turnê mundial - inclusive passaram aqui no Brasil - onde os fãs puderam comprovar que os "velhinhos" continuam em plena forma.
Em 2000, lançaram um novo disco: "House Of Yes", gravado ao vivo no 'The House Of Blues", no final de 1999.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Beatles

Há 50 anos atras nascia uma banda que iria revolucionar a historia da musica e do rock no mundo inteiro...


Em Março de 1957, empolgado com o skiffle que Lonnie Donegan popularizou com seus sons improvisados, John Lennon criou uma banda composta por colegas da escola Quarry Bank School — que incluía seu melhor amigo na época, Pete Shotton — primeiramente chamada de The Black Jacks, mas logo definida como The Quarrymen (em homenagem à escola). Inicialmente, além dos dois, a banda era composta por Eric Griffths (violão), Bill Smith (baixo improvisado) e Rod Davis (banjo). Em 6 de julho de 1957, Paul McCartney havia assistido uma apresentação da banda em uma festa na Igreja St. Peter, e Ivan Vaughan, amigo de John Lennon e colega de classe de Paul, apresentou-lhe a Lennon; Paul foi convidado a ingressar na banda e, no mesmo ano, mostrou a Lennon a composição "I've Lost My Little Girl". Em 6 de fevereiro de 1958, o jovem guitarrista George Harrison juntou-se à banda, apresentado por Paul que o teria conhecido por acaso num ônibus. Apesar da relutância inicial de Lennon pelo fato de Harrison ser três anos mais novo que ele (na época, com quinze anos), McCartney insistiu depois de uma demonstração de George e este terminou ingressando no grupo. Lennon e McCartney desempenharam a guitarra rítmica durante esse período e, após o baterista oficial do Quarrymen, Colin Hanton deixar a banda, em 1959, depois de uma discussão com os outros membros, teve uma alta rotatividade de bateristas. Stuart Sutcliffe, colega de Lennon numa escola de arte de Liverpool, aderiu ao baixo em janeiro de 1960, a pedido do amigo.
Como Paul e George estudavam no Instituto de Liverpool, não seria mais apropriado chamar a banda por "Quarrymen" e, então, o grupo passou por uma progressão de nomes, incluindo "Johnny and The Moondogs"' e "Long John and The Beatles'. Sutcliffe sugeriu o nome "The Beetles" como homenagem a Buddy Holly e "The Crickets". Após uma turnê com Johnny Gentle na Escócia, a banda mudou definitivamente seu nome para "The Beatles". A primeira esposa de John, Cynthia Lennon, argumenta que o título "The Beatles" veio a John no Renshaw Hall bar, depois de ele beber cerveja. Lennon, que era conhecido por dar diversas versões da história, ironizou num artigo da revista Mersey Beat de 1971 que teve uma visão onde "um homem, numa torta flamejante, disse: 'Vocês são Beatles com A'." Durante uma entrevista em 2001, McCartney atribuiu a si o nome definitivo da banda, afirmando que "John tivera a ideia de nos chamar de 'The Beetles'; eu disse: 'por que não Beatles?; você sabe, como a batida da 'bateria'.
Em maio de 1960, os então Silver Beetles realizaram uma turnê no norte da Escócia, com o cantor Johnny Gentle, a quem a banda havia conhecido uma hora antes de sua primeira apresentação. McCartney refere-se à viagem como uma grande experiência para a banda. Naquela época os Beatles não tinham um baterista fixo, assim, profissionais desse gênero tocavam para eles apenas em determinadas ocasiões....

O resto é história.....


Bixo da Seda


Os anos 70 estavam começando. O sonho tinha acabado, os Beatles já não existiam mais. No outro lado do Atlântico, a "América" perdia seus três maiores ícones: Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrison. Como no inicio da década passada, o rock se reciclava através das bandas inglesas. O estilo já tinha se consolidado como um movimento social, uma arma nas lutas da juventude.

Nesse contexto, mais precisamente no ano de 73, um guitarrista porto-alegrense chamado Zé Vicente Brizola (filho de quem você está pensando) tem a brilhante idéia de formar uma banda de rock, convidando seu amigo Mimi Lessa, considerado na época um dos melhores guitarristas do país. Mimi estava voltando do Rio onde fez sucesso com o Liverpool, banda em que também tocava seu irmão Marcos (baixo), e seu primo Edinho Espíndola (bateria). Os dois acabam por entrar no projeto, que tem sua formação "quase finalizada", com o ingresso de um experiente tecladista do cenário da capital: Cláudio Vera-Cruz.

Influenciados basicamente pelo rock progressivo de bandas como Yes, Pink Floyd, King Crimson, Jethro Tull e Focus, juntamente com o Rock`N Roll básico dos Rolling Stones, faltava ao quinteto um nome. E este surgiu da forma mais inusitada: enquanto enrolavam um baseado, pensam na utilidade daquele papelzinho quase transparente, a seda. Aqui surgia uma das maiores bandas de rock do Rio Grande do Sul, o Bixo da Seda.

Sem contar com um "frontman", acabam por dividir os vocais entre os integrantes do grupo, fato que acabaria quando convidam mais um ex-Liverpool, o maluco beleza Fughetti Luz, para ingressar na banda. Fughetti era talvez, a melhor definição para o termo Hippie. Logo na sua infância teve uma paralisia infantil, que deixou seqüelas irreversíveis em suas pernas, fato que dava um ingrediente a mais as suas performances. No começo da década, com o fim do Liverpool, foge da repressão militar exilando-se no Velho Mundo, sem ao menos falar uma língua que não fosse o bom e velho português. Fica lá por pouco tempo, sendo "convidado a se retirar" pelas autoridades européias.

De formação nova o Bixo parte para o Rio, deixando no caminho Zé Vicente Brizola e Cláudio Vera-Cruz, sendo este último, substituído pelo ex-Bolha Renato Ladeira. No centro do país fazem diversos shows pelos festivais da época, dividem o palco com as grandes bandas dos anos 70, ganham o reconhecimento da mídia especializada e são contratados para gravar seu primeiro e único registro.

O LP Estação Elétrica, de 76, acaba por não mostrar o que era realmente o Bixo ao vivo. Toda energia que marcava o grupo no palco, não foi transmitida para o CD. Mesmo assim, contém grandes obras como Um Abraço em Brian Jones, em homenagem ao ex-Stones, as lindas baladas Vênus e Já Brilhou, e seu hino Bixo da Seda, com os famosos versos: Bixo, dá a seda, me deixa enrolar. A grande qualidade técnica dos músicos, as harmonias um tanto rebuscadas para uma banda de rock, e seus compassos totalmente fora dos padrões, características marcantes da banda, podem ser ouvidas em todas as músicas. Relançado no final do ano passado em CD, trata-se de um disco clássico do rock nacional.


A banda ainda durou mais três anos, até que Mimi, Marcos e Edinho entram para a banda de apoio das Frenéticas. Era o Fim do Bixo, o grande pilar Rock Gaúcho, referenciada por todas as gerações posteriores.

Hoje, os irmãos Mimi e Marcos vivem no centro país, participando de inúmeros projetos musicais. Edinho é um dos bateristas mais requisitados do Brasil, tocando atualmente na Fu Wang Foo. Fughetti "apadrinhou" na década de 80 diversas bandas, entre elas a Bandaliera, para qual compunha várias músicas, e o Taranatiriça. Lançou ainda dois discos solos e mora no interior do Estado.


domingo, 17 de março de 2013

Kamikaze

Em 1986 a cena roqueira de Belo Horizonte fervia. Na área de Metal, havia sido lançado o split-album Sepultura/Overdose pelo selo Cogumelo Records. A cidade se agitava em grande festivais de rádios e era fundado o primeiro estúdio verdadeiramente de rock de BH: o JG Estúdio.

Oriundo do projeto Tribo de Solos, o estúdio começou suas atividades com o Sepultura (os dois primeiros LP's foram gravados lá), mas já lançava de forma independente o primeiro EP do grupo Kamikaze, que estourou nas rádios com “Machado de Guerra” e se tornou o hino de toda uma geração de roqueiros do Brasil.

O EP continha outros petardos como “Trilha do Metal”, “Força Motriz”e “Agora é com você”. Após participar de uma coletânea da BMG “Rock Forte”, o Kamikaze gravou seu primeiro álbum intitulado “Kamikaze II”, em 1990 pela Cogumelo Records. O texto abaixo de autoria do jornalista e crítico Kiko Ferreira indica bem a qualidade do som feito pelo Kamikaze:

“Cinco anos depois de surgir no então efervescente cenário do rock mineiro o Kamikaze mostra por que foi um dos mais bem sucedidos sobreviventes da chamada geração 80. Sem exibir a timidez entediante de alguns grupos ou a petulância estéril de falsos veteranos, o grupo faz um rock sangüíneo, virulento, onde os decibéis funcionam a favor da música, num equilíbrio surpreendente.

O Kamikaze não guarda no bolso modernismos inconseqüentes ou postura de aluguel. Vive o rock com o frescor dos anos 70, a tecnologia dos anos 80 e a postura honesta que parece direcionar a arte e a própria vida dos 90. A formação básica – baixo, bateria, guitarra, vocal – não permite truques baratos. É tocar direito, sem vacilos e com perfeita integração das partes. E, com o talento dos quatro, isso fica fácil.

A voz potente de Guilherme Bizotto à frente, duelando com a guitarra de Reginaldo Silva ganha sólido apoio do baixo marcante de Gustavo e da bateria experiente de João Guimarães. Seja denunciando o vale-tudo do jogo sujo do poder (Jogo Sujo), a ruidosa guerrilha urbana (Machado de Guerra – Guerra do Pó) ou anunciando prazeres da música (Blues de Ninguém), o Kamikaze mostra que tem estilo e que está no caminho certo.”

Em 1994 o Kamikaze se reunia novamente para gravar 6 faixas, com diversas parcerias incluindo o letrista Chico Amaral (Skank). Daí surgem “Meia Noite”, “A Madrugada Só Mentiu”, “Não Volta Não”, “Proxenetas” e ainda “Nunca Se Viu” e “Não Há Lugar”.

No ano 2000 a Cogumelo Records lançava uma coletânea do Kamikaze, resgatando o trabalho de uma das melhores bandas de rock do Brasil.

Quatro anos depois o Kamikaze volta à ativa para gravar um novo CD. Produzido e gravado por Chico Neves, mixado pelo produtor do Pearl Jam, Tchad Blake e masterizado por Bob Ludwig, o trabalho conta com diversas parcerias, como Chico Amaral (Skank), Affonsinho (ex-Hanói-Hanói), o Poeta Paulo Leminski e o Escritor Délcio Vieira Salomon, dentre outros nomes da cena cultural mineira.

O trabalho independente surge com treze novas canções autorais e uma regravação de “She Drives Me Crazy”. Vem assinado pelos próprios músicos do Kamikaze, que não pouparam esforços no refinamento da qualidade do som.

A crítica do Produtor Musical da Som Livre e da Rede Globo, Rogério Vaz, revela a coerência da proposta:

“Achei fantástico o CD, com belos arranjos... Os timbres estão ótimos também... É muito legal quando a gente vê um trabalho tão bem feito, ainda mais se tratando de rock. O projeto gráfico é foda, conceitual, arrojado, um dos melhores que eu tenho visto por ai. O que é bom tem sempre espaço”.

Além do CD o Grupo gravou um vídeo-clip da canção “Carregador”. O vídeo veiculou por algum tempo na MTV brasileira.


Para intensificar a divulgação do novo CD, em novembro de 2005 o experiente W. Muriel foi convidado para substituir Bizzoto nos vocais do Kamikaze. Com o novo vocalista, ânimos renovados e novas canções o Kamikaze recorre às bases que sempre fundamentaram a sua música.

Passados vinte anos de batalha o Kamikaze se constitui, cada vez mais, pelo requinte de uma banda que cuida do que é realmente essencial – do som. Está, então, pronta para ampliar seu rebanho de fiéis seguidores.

O Kamikaze, como um vinho denso e raro, não parece se preocupar com o tempo.



Ano: 1986, 1990 / 2003
 Gênero: Heavy Metal / Hard Rock
Tracklist:
1 - Meia Noite

2 - A Madrugada Só Mentiu
3 - Não Volta Não
4 - Proxenetas
5 - Nunca Se Viu
6 - Não Há Lugar
7 - Jogo Sujo
8 - Blues De Ninguém
9 - Guerra Do Pó
10 - Viva Por Você

11 - Machado De Guerra
12 - Roleta Russa
13 - You Can Blow It With Your Fingers
14 - Trilha Do Metal
15 - Força Motriz
16 - Machado De Guerra
17 - Agora É Com Você




Posições


Lançado pela Odeon em 1971, esta rápida coletânea (menos de 1/2 hora) pretendia mostrar o que havia de novo no cenário musical brasileiro. Foi lançado de uma forma tímida e quase desacreditada, sem nenhum alarde. Na verdade de todas essas bandas, a mais duradoura teria sido o Som Imaginário (que durou de 1970 até 1974).

As outras bandas (com exceção do Módulo 1000 que gravou um LP em 1972) apenas registraram compactos na história da música brasileira. Porém, o fato de não terem sido absorvidos pela indústria fonográfica não tira a primazia e beleza das composições.


A Tribo era formada por Nelson Angelo, Joyce, Novelli, Toninho Horta e Naná Vasconcelos (depois substituido pelo Nenê da bateria). Atuou no cenário artístico no início dos anos 70. Em 1970, classificou a música "Onocêonekotô" (Nelson Angelo) para a final do V Festival Internacional da Canção.

Equipe Mercado, grupo formado por Diana (voz), Leugruber (guitarra), Ricardo Ginsburg (guitarra), Stul (violão, baixo, piano e voz), Carlos Graça (bateria) e Ronaldo Periassu (percussão) em 1970 na cidade do Rio de Janeiro, tendo como influência maior o rock psicodélico dos anos 60. Lançou em 1971 um compacto simples com as músicas "Os campos de arroz" e "Side b rock", encerrando suas atividades no ano seguinte.

Som Imaginário, grupo formado em 1970 por Wagner Tiso (teclados), Robertinho Silva (bateria), Tavito (violão de 12 cordas), Luiz Alves (baixo), Laudir de Oliveira (percussão) e Zé Rodrix (órgão, percussão, voz e flautas). Nesse ano, com a participação de Nivaldo Ornelas (sax) e Toninho Horta (guitarra), dividiu o palco com Milton Nascimento, apresentando o espetáculo "Milton Nascimento, ah, e o Som Imaginário".
Ainda em 1970, gravou seu primeiro disco, "Som Imaginário", destacando-se canções como "Feira moderna" (Beto Guedes e Fernando Brant) e "Hey man" (Zé Rodrix e Tavito).

Módulo 1000, formado por Daniel (guitarra e voz), Luís Paulo (órgão), Eduardo (baixo), Candinho (bateria) na cidade do Rio de Janeiro em 1969. Conjunto de curta duração, seguia a linha "hard rock" mesclada com o blues. Em 1970, participou do "V Festival Internacional da Canção" e lançou pela Odeon o compacto simples com as músicas "Big mama" e "Isto não quer dizer nada". No ano de 1972, pela Top Tap lançou o LP "Não fale com as paredes". Encerrou as suas atividades em meados da década de 1970, tinha guitarras gritantes e uma bateria pesada ao estilo Led Zeppelin.


Arion


"Inicialmente batizado de Magma, o grupo surgiu em 1993 na cidade universitária de Viçosa, Minas Gerais, onde realizou diversos shows, participou de especiais para a televisão e passou a ter um maior respaldo junto ao público, tendo se apresentado também em Belo Horizonte. Já contando com um instrumental refinado, adquiriu sua identidade atual com a entrada da cantora Tânia Braz, musicista formada em composição pela Escola de Música da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
Em julho de 2001, o Arion lançou pela Progresive Rock Worldwide seu primeiro CD, que leva o mesmo nome da banda. O disco apresenta seis músicas inéditas compostas pelos próprios membros do grupo e uma leitura na linguagem do Rock Progressivo da canção "Natureza Mística" do compositor e poeta Thyaga. As letras, originalmente em inglês, trazem temas de natureza reflexiva ligada à humanidade e à espiritualidade. Estes temas, associados a atmosfera melódica, remetem os ouvintes a um universo rico em percepções sensoriais que transcendem a experiência cotidiana. O CD, produzido conjuntamente pelo Arion e pelo produtor Marcos Gauguin (que produziu, entre outros o CD "Calango" do Skank) contou com a participação especial do próprio Thyaga na interpretação de sua música e do percussionista Alexandre Reis. Voltado principalmente para o mercado externo, onde se concentra a maior parte dos fãs de Rock Progressivo, o disco começou a ser comercializado na Europa, Estados Unidos e Japão, onde foi bem recebido pela crítica especializada."
Músicos:
Sérgio Paolucci - teclados
Luciano Soares - guitarra
Tânia Braz - vocal e violões
Nelson Simões - bateria e voz
Carlos Linhares - baixo, violão e voz 





Engenheiros do Hawaii

Tudo começou em Porto Alegre no ano de 1984. Devido à greve na faculdade de arquitetura, as aulas se estenderiam até janeiro de 85 e diante da situação a faculdade organizou happenings com os estudantes que produzissem arte na escola.
Humberto Gessinger (que na época tocava guitarra) ficou sabendo que Carlos Maltz tocava bateria. Os dois esbarraram em Marcelo Pitz (baixista) e juntos decidiram participar da bagunça, ainda com a participação de Carlos Stein (Nenhum de Nós) na guitarra , que logo deixou a banda.
Engenheiros do Hawaii???!
Na faculdade, os estudantes de Arquitetura e Engenharia se envolviam em rixas curriculares, filosóficas, estilos de vida opostos… Enfim, o pessoal da Arquitetura inventou um apelido pra acabar com os inimigos. “Todo estudante de Arquitetura é meio arrogante, acha que os Engenheiros estão abaixo. Tinha um pessoal na Engenharia que usava aquelas roupas de surfista, e, para irritá-los, nós fazíamos questão de chama-los de “Engenheiros” e, mais do que isso, Engenheiros do Hawaii, que é um paraíso meio kitsch”.
Na época, Porto Alegre e o Brasil presenciavam uma explosão de bandas punk, quase sempre com nomes heróicos: Cavaleiros do Apocalipse, Virgens Nucleares, Legião Urbana, Titãs, Replicantes, Garotos de Rua etc… O que, segundo Humberto, também contribuiu para a adoção do nome: “Sempre me assustou essa coisa heróica da música pop, porque te leva a ser meio semideus. Engenheiros do Hawaii era um nome desmistificador, ninguém nos levaria muito a sério. É um nome que até hoje nos protege de nos encararem como sacerdotes”.
11 de janeiro de 1985
Essa foi a data do primeiro show, por sinal coincidindo com a abertura do Rock in Rio I. Enquanto no Rio são soltas centenas de pombas da paz os três engenheiros apresentavam com um repertório variado que ia de “Ô Mônica, abrace o elefante…”, passava pelo jingle do chocolate Sem Parar, Lady Laura (Roberto Carlos) até a abertura do seriado Hawaii 5.0, além de uma ou duas músicas próprias, todas tocadas em compasso de reggae. “O Marcelo adorava e era a coisa mais fácil de tocar” lembra Humberto.
Saindo da capital
Na semana seguinte tocaram na faculdade de Medicina (palco das primeiras vaias), em um bar, em outro, em outro… De bar em bar resolveram viajar pelo interior do Rio Grande. “Chegávamos nas rádios de manhã com uma fita para o cara da rádio, ele tocava e fazíamos o show à noite. Foi quando aprendemos qual é o botão de volume e o do tom da guitarra”.
Naquele tempo a BMG resolveu lançar a coletânea Rock Grande do Sul, só com bandas dos pampas. Produziram um Festival no Gigantinho para escolher os grupos, os Engenheiros passaram no teste… por pouco!
“Fomos tocar sem esperança, só depois fiquei sabendo que nos incluíram no disco porque outra banda desistiu”, conta Humberto.
Longe demais das capitais
Eles entraram no LP com duas canções, e uma delas, Sopa de letrinhas, estourou no Sul. Com o sucesso, a BMG decidiu bancar um LP só dos Engenheiros - e nasceu o Longe demais das capitais, produzido por Miguel Plospschi. O norte musical do disco apontava de leve para o ska: “Era a única coisa que eu sabia tocar na guitarra. Tinha trios que nos davam o norte, como Os Paralamas do Sucesso e o The Police. Mas isso era um fino verniz que logo saiu”, lembra Humberto.
Puxado por músicas comoToda forma de poder, que foi tema de uma novela global (Hipertensão), TocarCrônica, TocarLonge demais das capitais e Sopa de letrinhas, os Engenheiros logo foram ganhando status fora do sul.
Guitarra Nova
Marcelo Pitz ,saiu da banda às vésperas de um novo disco. Humberto e Carlos continuaram a ensaiar, Humberto agora tocando baixo. Só que ainda estava faltando um elemento - a guitarra. Surge para completar a banda Augusto Licks, que conheceu os Engenheiros por intermédio de Nei Lisboa, que já havia feito uma participação no Longe Demais…
“Levi - Strauss na baía de Guanabara”
Augusto tinha uma guitarra mais anos setenta, que juntamente com o amadurecimento de Humberto como compositor, trouxe outro ritmo à banda. Surge o segundo LP do trio: A revolta dos Dândis (1987), produzido por Reinaldo Barriga Brito. Neste disco começaram os primeiros “enroscos” com a crítica. Os Engenheiros eram chamados de elitistas, e até fascistas. Acusações causadas pelas citações presentes nas letras de Humberto que iam de Albert Camus a Jean Paul Sartre. Além da conhecida história do show que os Engenheiros fizeram para uma comunidade judáica, em que o Humberto se apresentou com uma camiseta com a estrela de Davi desenhada, enquanto Carlos tocou com uma camiseta que trazia estampada a cruz suástica.
Humberto e Carlos respondem às acusações:
Humberto: “Às vezes, a citação não precisa ser entendida. No mundo de hoje não tem diferença entre Albert Camus e Mike Tyson. São dois produtos de consumo. Eu saboreio Camus como saboreio Mike Tyson. A maioria do povo brasileiro entende mais de existencialismo do que de boxe. Cito Camus porque está mais próximo de mim. Acho que as pessoas entendem o que é “dândi”, pelo menos tanto quanto eu. A “obra aberta” possibilita que uma música seja entendida em todos os níveis. Os Titãs conseguem isso. Caetano Veloso, o mais genial de todos, não consegue. Talvez nem a gente consiga. A nível de “intelectuália” citar Camus é kitsch e demodé. Pra agradar a crítica eu citaria Levi Strauss na baía de Guanabara”.
Carlos: “Fascista não é fazer citações pretensamente intelectuais, mas deixar de fazer por julgar que as pessoas não vão entender. Isso é intelectual e elitista”.
Faíscas com a critica à parte, o público tomou o caminho oposto e o disco emplacou sucessos como: TocarInfinita Highway, TocarTerra de gigantes, e A Revolta dos Dândis I.
Alternativa Nativa*
Apesar dos dois bons discos, os Engenheiros ainda não haviam sido admitidos na primeira divisão do BRock. Ainda eram uma banda colocada para abrir noites para um grupo audivelmente inferior como o Capital Inicial. Foi o que aconteceu no terceiro festival Alternativa Nativa realizado no Maracanãzinho entre 14 e 17 de julho de 1988. O Legião Urbana tocou sozinho nas duas primeiras noites e os Paralamas idem na última. Mas Gessinger, Maltz e Licks tiveram que abrir para a banda de Dinho Ouro-Preto na noite de sábado, 16. Eles ficaram ao mesmo tempo perto, abaixo e acima do Capital. O show dos Engenheiros foi uma espécie de rito de passagem entre a garagem e as grandes arenas. Nem o tropeço literal que Gessinger deu no palco ainda na primeira música, Longe demais das capitais, quebrando seu baixo, fez o trio perder o rebolado diante das 20 mil pessoas que lotavam o estádio. A partir daí, os Engenheiros encheriam estádios Brasil afora - sobretudo o Gigantinho de sua cidade natal, lotado sucessivas vezes.
*(texto extraído de “BRock - o pop/rock brasileiro dos anos 80” - agradecimentos a Thiago Picolo -, baseado no livro de mesmo nome de Arthur Dapieve)
Ouça o Que eu Digo Não Ouça Ninguém (1988)
Um ano depois do revolta os Engenheiros lançam um novo LP - Ouça O Que Eu Digo Não Ouça Ninguém. Neste disco começam a aparecer elementos novos na música dos Engenheiros. Pela primeira vez o teclado é incluído nos arranjos, e surge aí também a primeira composição de Gessinger e Licks - Variações sobre um mesmo tema. Mais uma vez a banda é alvo da crítica, desta vez em relação aos clichês subvertidos presentes nas letras de Gessinger.
Carlos: “Somos absolutamente fascinados por isso, frases de efeito ou sei lá como chamam. De repente, duas coisas estandardizadas como o símbolo hippie e uma engrenagem, quando juntam vão formar uma outra coisa. Essa é uma viagem da banda”.
Humberto: “O que me fissura nos ditados é que são superpresentes. Fico atento pra pegar essas pérolas, essas frases de caminhão. A gente subverte uma palavra no fim e já cria um efeito ambíguo. O nonsense e o abstrato são geniais, o supra sumo da cultura ocidental. Mas hoje em dia eu tenho horror da sua vulgarização. Acham que todo nonsense faz sentido, caretearam. O que a gente tenta é sair desse atoleiro de nonsense. É buscar o significado e enlouquecer, desmistificar a razão. Pegar um ditado teoricamente careta e subvertê-lo”.
Deste LP nasceram sucessos como: TocarOuça o que eu digo, não ouça ninguém, TocarSomos quem podemos ser, TocarTribos e tribunais e TocarA verdade a ver navios.
A caminho das capitais
Com o lançamento do terceiro disco os Engenheiros mudaram-se para o Rio de Janeiro. “Se a gente não viesse, a banda acabava(…) A gente foi quase expulso. Não pelas bandas mas por todo o ambiente que se formava. Não queríamos virar para o sul o que a Carmem Miranda é para o Brasil.(…) Não nos sentíamos capazes de representar o Rio Grande do Sul. Não representávamos porra nenhuma. Nossas famílias estão há apenas duas gerações por lá. não consigo nem diferenciar uma vaca de um cachorro se ele não latir”, explica Humberto.
Carlos complementa: “Vaca é aquilo que tem na capa do Pink Floyd… Mas pra mim tanto faz morar aqui ou em Porto Alegre. A minha rotina é exatamente a mesma. Eu nunca saio de casa”.
“A mudança para cá não foi uma experiência. No início, já existia essa possibilidade. E já estávamos virando um chavão em Porto Alegre, ‘os representantes do rock gaúcho’”, emenda Augusto.
Do Rio direto pra Moscou
Em 89 os Engenheiros andaram visitando terras russas. “Quando recebemos o convite, pensei que iríamos tocar na Lua, mas, na verdade, fomos até Marte”, brinca Carlos. Empolgados com o convite para tocar em Moscou, os três chegaram a estudar russo por duas semanas e distribuíram, no show, panfletos com as letras do grupo vertidas para o Russo. Mesmo assim os soviéticos não entenderam nada. “É que nossas músicas não retratam a realidade deles”, justifica Humberto.
“Um retrato do que já foi feito e um esboço do que vai rolar”
No mesmo ano os Engenheiros lançam o quarto disco, desta vez ao vivo. Alívio imediato reúne grandes sucessos do grupo como TocarTerra de gigantes e TocarToda forma de poder em gravações ao vivo, algumas delas embaladas em novos arranjos feitos especialmente para os shows. O disco foi gravado no Canecão e fazem parte também duas músicas inéditas: TocarNau à deriva e TocarAlívio imediato, ambas gravadas em estúdio.
Não se tratava, porém, de um “disco de sucessos”. “A princípio éramos contra isso, queríamos mostrar o outro lado da banda. Quando ouvimos a fita do show, vimos que era uma demagogia, porque as músicas que ficaram mais diferentes foram as que tocaram na rádio. As outras tocamos praticamente igual. Diante deste impasse, optamos pelas melhores, hits ou não”, explica Humberto.
Quem é mais pop???
Em 1990 os Engenheiros lançam o quinto LP - O Papa é Pop. Neste disco a banda grava pela primeira vez uma música que não foi composta pelo grupo - Era um garoto que como eu amava os beatles e os rolling stones, primeira música que Humberto aprendeu a tocar ao violão, ainda criança, e que era tocada inicialmente pela banda em showmícios para eleição presidencial de 1989. Este disco alçou os Engenheiros a categoria de “melhor banda de rock do Brasil”. Vendeu mais de 350 mil cópias e estourou com as músicas: O papa é pop, Exército de Um Homem Só I, Era um garoto…(por coincidência em uma época de guerra), TocarPra ser sincero e TocarPerfeita Simetria. Além de tantos sucessos, as rádios ainda descobriram TocarRefrão de bolero, música do segundo LP da banda.
O disco caracteriza uma estética “limpa”, desde a capa até o som, gravado com bateria eletrônica, guitarra e baixo totalmente limpinhos. Marca também o batizado da banda como produtora de seus discos, fato que se repetirá nos próximos dois LPs.
Ignorados pela Folha, elogiados pelo New York Times.
No meio de toda essa briga com a crítica os Engenheiros foram convidados para tocar no Rock in Rio II, juntamente com Guns N’Roses, Sepultura, Capital Inicial, Lobão etc… Enquanto outros artistas nacionais eram apedrejados pelo público os Engenheiros fizeram um show que levantou o público com sucessos como TocarAlívio imediato emendada com Help! dos Beatles e Era um garoto… Os Engenheiros foram a única banda brasileira a se apresentar no festival elogiada pelo jornal americano New York Times, enquanto a Folha de São Paulo ignorava solenemente duas apresentações da banda para um Ibirapuera lotado, não divulgando nem em roteiro.
“Prenda minha parabólica, princesinha Clarabólica”
Em fevereiro de 92 nasce a primeira filha de Gessinger - Clara. O músico deixou de lado as apresentações da banda e assume sua corujice em relação a Clara. “Nessas horas é que a gente vê como o homem fica pra trás, e o que vale mesmo é a mulher”. A banda parou as apresentações em dezembro do ano anterior para que Humberto pudesse acompanhar o nascimento da filha. “Nada nem a banda me faria ficar sem ser pai” diz. “Já prometi pro Maltz que ela será baterista”, brinca Humberto.
A cobra morde o próprio rabo
Em 1991, lançam Várias Variáveis, que marca o fim de uma trilogia iniciada com A Revolta dos Dândis (que tinha a capa amarela), e continuou com Ouça o que eu digo, não ouça ninguém (de capa vermelha). Com o verde de Várias Variáveis, completam-se as três cores primárias da bandeira do Rio Grande do Sul.
O disco trás uma cover de TocarHerdeiro da pampa pobre do Gaúcho da Fronteira, uma homenagem a São Paulo e a Caetano com TocarSampa no walkman, referências ao movimento político dos anos sessenta em TocarO sonho é popular, além da irada TocarSala Vip, composta nos bastidores do Rock In Rio II.
Foi o segundo disco produzido pela banda e abre um espaço para a improvisação em takes falsos como na música TocarCurtametragem e até o som do banquinho do piano rangendo em TocarDescendo a serra. Fez sucessos como TocarPiano Bar, TocarAndo só, TocarMuros e grades e Herdeiro da pampa Pobre.
Música Popular Brasileira ou Rock Progressivo Inglês???
No ano seguinte é lançado GLM - Gessinger, Licks & Maltz, sétimo disco do grupo. O LP traz referências, quase apologias ao rock progressivo inglês, que vão desde os arranjos de guitarra de Licks, até o próprio formato do disco, com músicas emendadas formando uma geometria perfeita como uma esfera. Os vocais mostram uma nova face de Gessinger, sem medo de tons mais altos como em TocarNo Inverno Fica Tarde + Cedo.
Trouxe dois sucessos: TocarNinguém = Ninguém e TocarParabólica, composta para Clara, filha de Gessinger.
Abrindo pro Nirvana
No início de 93, os Engenheiros participaram do Hollywood Rock, abrindo o show do Nirvana, maior banda do movimento grunge, em pleno auge do movimento grunge. “Tocar Parabólica antes do show do Nirvana é uma boa coisa pra ti contar pros teus netos”, lembra Humberto.
Filmes de guerra, canções de amor
Foi o nome do oitavo disco da banda, fazendo referência a uma canção do disco A Revolta dos Dândis
O disco foi gravado ao vivo na sala Cecília Meirelles no Rio de Janeiro. É um semi-acústico gravado com guitarras, percussão e piano, além de músicas arranjadas por Wagner Tiso e acompanhadas pela Orquestra Sinfônica Brasileira. Trouxe canções rearranjadas até do primeiro disco, além de quatro inéditas: TocarMapas do acaso, Quanto Vale A Vida?, TocarÀs vezes nunca, e TocarRealidade virtual, as duas últimas gravadas em estúdio.
Pedro Só, em crítica publicada na extinta revista General, define: “(…)O disco traz lindas canções acima dos parâmetros pop(…) Quanto vale a vida , podia ser Dylan, mas foi Gessinger mesmo quem escreveu. Em Filmes de Guerra… fica mais fácil perceber a grandeza das músicas deste que é um dos mais afiados compositores do país, independente de gênero ou geração(…) A guitarra de Licks é elegantíssima, mas Gessinger canta versos elevados sem a menor intenção de ser cool, rasgando-se em alguns rompantes. É pena que muita gente só vá perceber o valor desta galharda gaúcha quando a Marisa Monte resolver gravar alguma destas pérolas(…)”.
Carimbando o passaporte
No esquema de divulgação do álbum, foram incluídas apresentações no Japão e nos EUA. Segundo Carlos no Japão a maioria da platéia era formada por brasileiros que estavam morando e trabalhando lá. Mas os Engenheiros dizem que não estavam interessados em atingir um novo público. “Não queremos conquistar a América. O primeiro mundo não precisa dos Engenheiros. Se o público gostar do nosso som, ótimo. Mas o que atraiu mesmo a gente foi a possibilidade de tocar para os brasileiros fora do país, esses caras da diáspora.”
Deste disco, foi extraído o 1° Home Vídeo dos Engenheiros, gravado e lançado junto ao Filmes de Guerra… O vídeo traz imagens colhidas no Japão, em Los Angeles, alguns clipes históricos, além de toda a gravação do Filmes de Guerra.
Engenharia de Metais Pesados
No final de 93 o clima começa a pesar nos Engenheiros, e causa a saída do guitarrista Augusto Licks. São várias as versões da história: Na primeira diz-se que as brigas começaram por uma divergência de opiniões no grupo a respeito do repertório acústico de Filmes de Guerra. Segundo se comentou, Augusto queria que se levasse orquestra para os shows, enquanto Humberto e Carlos preferiam a agitação dos shows elétricos.
Numa segunda oportunidade divulgou-se que Humberto teria tirado Licks da banda porque não gostava que ele fosse considerado o único músico da banda, noticia negada em carta a revista que a divulgou.
A terceira e mais provável versão é que em meio a rixas internas e discussões, Augusto sentindo que a relação com os outros integrantes estava se tornando inviável, registrou o nome Engenheiros do Hawaii como sendo de sua propriedade. Gessinger e Maltz entraram na justiça declarando que é pública e notória a posse por parte deles do nome Engenheiros do Hawaii.
Rolou a maior baixaria, com trocas de insultos e acusações de todos os lados, e depois de muita lama rolar, Carlos e Humberto ficaram com o nome.
Um guitarrista de Blues ataca no Rock Humberto descansava em Gramado quando viu no jornal a foto de uma banda gaúcha, Big Family, onde aparecia um dos músicos que achava que conhecia. Olhando melhor reconheceu o amigo de infância, Ricardo Horn, e retomou os contatos suspensos há dez anos.
Gessinger teve que vencer a resistência do velho amigo e ex-colega de primeiro e segundo graus do Colégio Anchieta. “O cara não acreditava nos convites, pensava que era brincadeira”.
O novo guitarrista Ricardo Horn, tinha pelo menos uma coisa em comum com Augusto: os dois freqüentavam o mesmo bar no bairro do Bom Fim, em Porto Alegre. No entanto trazia consigo uma formação diferente da de Augusto. Enquanto Licks trabalhava uma linha mais popular em parceria com o compositor Nei Lisboa, Horn tocava blues e jazz.
Os dois últimos Engenheiros
Os Engenheiros continuaram com a turnê de Filmes de Guerra…, quando encontram Fernando Deluqui. Recém saído do RPM, onde tocava guitarra, Fernando participa de algumas jams com o grupo e logo depois veio a ser o sexto engenheiro da história da banda.
Meses depois entra na banda Paolo Casarin, para tocar acordeon e teclados: “Eu queria um sanfoneiro, mas que não fosse um sanfoneiro sanfoneiro, queria uma pessoa que tivesse uma formação maior de teclas, e o Casarin serviu como uma luva”, justifica Humberto.
“Voltamos enfim ao início”
No fim de 1995, após dois anos sem gravar, os Engenheiros lançam Simples de Coração, um álbum diferente, com acordeom, guitarras mais pesadas e pela primeira vez traz uma música da banda que não tem a participação de Gessinger na composição: TocarO Castelo dos Destinos Cruzados.
Segundo Humberto, a partir do momento que a banda já não é mais um trio, é muito mais fácil compor e tocar, existem mais elementos pra se formar o bolo. Diz também que os Engenheiros mudaram pra não virarem cover deles mesmos, que não agüentava mais ficar no palco com um monte de pedais.
O disco foi gravado em Los Angeles, e depois de três álbuns se auto-produzindo a banda optou por uma produção gringa, que ficou a cargo de Greg Ladany.
Foi gravada também uma versão em inglês do disco, que está na mãos da BMG. O disco trouxe sucessos como TocarA promessa, TocarA Perigo, e TocarSimples de Coração.
“…do pampa o vento, violino minuano…”
Em 97 novos ventos trazem mudanças aos Engenheiros, Carlos deixou a banda para se dedicar a um novo grupo: A Irmandade. Gessinger reassumiu o nome e injetou sangue novo na Engenharia Hawaiiana. Com nova formação, agora Luciano Granja, Adal Fonseca e Lucio Dorfman, respectivamente guitarrista, baterista e tecladista, os Engenheiros voltaram com novo disco intitulado Minuano. Trazendo uma mistura de regionalismos, tecnologia, e a habitual verve das composições da banda, o disco emplacou sucessos como TocarA montanha e TocarNuvem. Produzido por Nilo Romero, o disco trouxe a participação de Kleiton Ramil (dos irmãos Kleiton & Kledir), além de uma versão de “TocarAlucinação” de Belchior.
“Tchau controles…Tchau opressão…Tchau Big Brother…Oi vida…Oi risco”
Em 1999 os Engenheiros mudam de gravadora. Saem da BMG e entram na Universal pela qual lançam o 11° disco da carreira: !Tchau radar! “Tchau Radar é um grito de libertação. Tchau controles… tchau opressão…tchau big brother…oi vida…oi risco”, define Humberto. Entre as composições de Gessinger aparecem duas versões: a primeira pra Negro amor - da original It´s all over now baby blue, de Bob Dylan, vertida por Caetano Veloso e Péricles Cavalcante e imortalizada na voz de Gal Costa, e Cruzada, de Tavinho Moura e Márcio Borges, numa versão de apenas cordas e voz. Eu que não amo você ganhou as rádios, merecendo versão acústica e vídeo clipe, do mesmo modo que Negro Amor, que também teve uma segunda versão (mais pesada) e videoclipe dirigido por Isabel Diegues.
Há mais de mil destinos em cada esquina…
10.000 destinos, um dos nomes pensados para o Tchau Radar e título da oitava canção deste disco, batizou o disco seguinte dos Engenheiros. Gravado ao vivo no Palace em março de 2001, o disco veio fazer jus à tradição dos discos ao vivo dos Engenheiros, todos gravados a cada três discos de estúdio. Os hits ganharam novas versões, como TocarToda forma de poder e TocarRefrão de bolero acompanhadas por Renato Borghetti. Rádio pirata, do RPM, e Quando o carnaval chegar, de Chico Buarque também ganharam versões, mas desta vez em estúdio, acompanhadas das duas inéditas Números e Novos horizontes. “Dos dez mil possíveis destinos de uma canção, no show se escolhe um…quase nunca perfeito tecnicamente, mas sempre com a força e emoção da vida real, sem retoques. Correr este risco é maravilhoso.” Revela Humberto.
Ainda na turnê 10.000 destinos - a maior da história da banda - os engenheiros voltam ao palco do Rock in Rio para fazer um dos últimos shows da formação Gessinger, Fonseca, Granja & Dorfman que anunciam seu afastamento da banda para dedicarem-se ao projeto Massa Crítica.
De um primeiro encontro no palco do Rock in Rio, Paulinho Galvão, na ocasião acompanhando Paulo Ricardo, assume a guitarra dos engenheiros, mas desta vez não sozinho. Humberto, depois de 14 anos responsável pelo baixo da banda, volta às guitarras. “Os guitarristas nunca protegeram a minha voz, tô atrás de abrigo pra ela” diz Humberto. Juntam-se ainda ao grupo Bernardo Fonseca e Gláucio Ayala. “Gláucio toca bateria e faz os vocais de apoio nos shows. Além da competência musical, é o cara de melhor astral com quem já toquei. No baixo, Bernardo Fonseca. Apesar de ser o mais jovem, ficou com a parte mais delicada, já que era meu este território desde o segundo disco da banda. Em pouco tempo ele conseguiu achar a medida certa entre a tradição da engenharia hawaiiana e a personalidade própria. Freqüentemente me esqueço que já toquei baixo naquelas músicas.”

10.001 destinos
Pra selar os novos tempos sai 10.001 Destinos, uma edição especial revista de 10.000 destinos dando prosseguimento à maior coletânea dos Engenheiros já lançada, completando 26 músicas em 2 discos. A capa com novas cores e a apresentação dos novos integrantes adicionam um sabor a mais, e especial, ao disco original: 16 músicas gravadas ao vivo no Palace, mais 4 feitas em estúdio. Com as 7 novas em estúdio, 10.001 Destinos soma Lado A e Lado B, sucessos e canções referenciais dos Engenheiros.

Acústico MTV
Depois de dois discos de estúdio com essa nova formação (Surfando Karmas & DNA, de 2002, e Dançando No Campo Minado, de 2003), a banda cede e resolve gravar um Acústico MTV. O disco traz releituras de toda a carreira da banda e duas inéditas: Armas químicas e poemas e Outras frequências.
Mais acústico…
Considerado um tiro no pé por alguns fãs, logo após o Acústico MTV, a banda resolve lançar, em 2007, um novo disco acústico, chamado Novos Horizontes. O disco tem, além de sucessos que ficaram de fora do primeiro acústico, 9 canções inéditas. O guitarrista Fernando Aranha (que já havia participado do Acústico MTV e de sua turnê) e o tecladista Pedro Augusto (que tocou durante a turnê do último disco) se tornam membros oficiais dos Engenheiros.
Atividades interrompidas
Junto com a turnê terminam, pelo menos temporariamente, as atividades dos os Engenheiros do Hawaii. O vocalista e líder da banda, Humberto Gessinger declarou no site oficial da banda que os planos de retorno da banda são somente no ano de 2010, quando serão comemorados os 25 anos dos Engenheiros. E nada aconteceu...
Neste intervalo, Gessinger se dedicará ao Pouca Vogal, parceria com Duca Leindecker, vocalista do Cidadão Quem. Juntos eles cantam novas baladas e grandes sucessos de suas bandas.



Cartoon


Banda formada em 1995 em Minas Gerais, que já produziu, de forma independente, três discos completamente autorais. Os lançamentos dos CDs, somados às exóticas apresentações da banda, seu carisma, além do grande virtuosismo instrumental e vocal dos músicos, renderam o reconhecimento do público e da crítica, que elegeram a banda como uma das principais representantes do Rock Progressivo no Brasil atualmente.
O som do Cartoon traz a combinação perfeita entre inúmeros estilos musicais, tais como o Rock, a música clássica, a música brasileira e indiana, o blues, o Jazz e o folk, entre outros... Tudo isso soando harmoniosamente, como se o mundo imprevisível dos desenhos animados ganhasse vida através da música. Essa combinação, às vezes difícil de rotular, tem conquistado pessoas de todas as idades e nacionalidades, talvez devido a universalidade da mensagem e da música que a banda produz.

O primeiro disco do grupo foi lançado em 1999 e denominado “Martelo”. Neste CD, a banda utilizou uma estética fora dos padrões musicais de sua época (mesclando o rock com elementos da música clássica, samba, jazz e música indiana), inovando também no que diz respeito às letras e encarte, que exploram com muita criatividade um conceito místico e bem humorado.

A segunda obra, lançada em 2002 em um memorável show com lotação esgotada no Grande Teatro do Palácio das Artes, é intitulada “Bigorna” e foi concebida sob o formato de uma autêntica Ópera Rock (com direito a libreto em formato de gibi no show de lançamento). Considerada a primeira obra do gênero a ser produzida no Brasil, essa Ópera Rock conta “A Verdadeira História do Rei Arthur e os cavaleiros da Távola redonda” sob o inusitado ponto de vista do Cartoon. Esse disco lançou a banda em definitivo no mercado mundial, rendendo ótimas críticas em sites e revistas especializados de todo o mundo, além dos prêmios de melhor disco e melhor banda de 2002 no site Rock Progressivo Brasil, tanto na escolha do site como na escolha do público.

O terceiro CD, recentemente lançado (abril de 2008), chama-se “Estribo” e finaliza a trilogia que lida com os três ossículos responsáveis pela audição humana. A idéia central desse novo trabalho gira em torno das emoções e conflitos de um jovem músico que, assim como Beethoven, fica surdo devido à paralisia de um minúsculo osso do ouvido chamado Estribo! O isolamento e o sofrimento causados pela surdez, o levam então, a questionar toda sua existência e a empreender uma viagem fantástica, onde, a cada passo, ele supera seus medos e dificuldades em direção a um glorioso final.
O disco vem recebendo ótimas críticas e sendo considerado por muitos como o melhor e mais maduro trabalho do grupo.
( Site oficial - www.bandacartoon.com.br )



Genesis


Uma das mais importantes bandas da história do rock, e possivelmente a mais importante do rock progressivo. Muita gente conhece o Genesis apenas através de alguns discos mais recentes, como Invisible Touch, mas a história do grupo é vasta e intensa. Dentro de um gênero como o rock progressivo, caracterizado pela complexidade das músicas, e (talvez por isso) pela diversidade de opiniões do público, o Genesis é uma das poucas unanimidades entre os admiradores do gênero. 


O Genesis surgiu em meados de 1967, em uma escola inglesa chamada Charterhouse. Haviam 2 bandas formadas por estudantes desta escola tocando na época : The Anon e Garden Wall. O Anon era formado por Richard Macphail (vocais), Anthony Phllips (guitarra solo), Michael Rutherford (guitarra base), Rivers Job (baixo) e Rob Tyrrell (bateria). Seu repertório consistia em covers de Beatles e Rolling Stones, além de algumas raras composições inéditas. O Garden Wall era formado por Tony Banks (teclados), Peter Gabriel (vocais) e Chris Stewart (bateria). 


A semente embrionária do que seria o Genesis foi plantada no concerto do fim deste ano, quando o Garden Wall fez seu último show, contando com Job no baixo e Phillips na guitarra. Após isto, Phillips e Rutherford decidiram continuar tocando juntos, e chamaram Tony Banks para tocar com eles. 


A idéia inicial é que o vocalista seria Phillips. Porém, após se juntar a ele e a Rutherford, Banks os convenceu a convocar Gabriel para vocalista, alegando que este tinha uma voz melhor. O tempo mostrou que Banks tinha inteira razão. 


Os quatro, então, se juntaram, e gravaram a sua primeira fita demo. Há controvérsias a respeito da formação exata do grupo nesta época : fontes afirmam que Peter Gabriel, além de vocalista, também era o baterista do grupo nestes primeiros dias; enquanto há quem diga que Chris Stewart é quem tocava bateria. 


O que se sabe é que a 1ª fita demo chegou às mãos de Johnattan King, produtor ligado à gravadora Decca. King também tinha sido aluno de Charterhouse, e tinha amigos em comum com os músicos. A fita continha as seguintes músicas : That's Me, Listen on 5, Don't Wash Your Back, Try a Little Sadness, She's Beautiful, e Patricia. A fita impressionou Johnattan, que pediu aos músicos uma outra demo, mais bem trabalhada. 


Nesta 2ª fita, gravada com mais recursos, eles regravaram She's Beautiful e Try a Little Sadness, e acrescentaram Where the Sour Turns to Sweet e The Image Blown Out. Posteriormente, uma 3ª demo seria gravada, contendo, entre outras músicas, The Silent Sun, uma composição bem no estilo dos Bee Gees da época, banda que King admirava. Com isto, os músicos conseguiram um contrato, e em janeiro e abril de 68 foram lançados seus dois primeiros compactos : The Silent Sun/That's Me, e A Winter's Tale/One Eyed Hound. Estes compactos repercutiram muito pouco na época, apesar de sua sonoridade interessante (algo como o rock dos anos 60, na linha Bee Gees, Herman's Hermits). 


Um detalhe : nestes compactos, estava com eles Chris Stewart na bateria. Se isso praticamente descarta a possibilidade de Peter Gabriel ter tocado o instrumento no início, outro dado surgiria mais de 30 anos depois para reacender a dúvida : uma das gravações da 1ª fita demo do grupo, Patricia, reapareceu na caixa Genesis Archive 1967/1975, lançada recentemente. Os registros da época apontam que só haviam 4 pessoas na gravação : Gabriel, Banks, Phillips e Rutherford. Pois bem, na gravação de Patricia, percebe-se claramente a presença de uma bateria. Quem a teria tocado ? 


Dúvidas a parte, o grupo segue, já com um novo baterista, John Silver, e grava o seu primeiro LP, que seria intitulado From Genesis to Revelation, com King na mesa de produção. Na época em que as gravações foram concluídas, um fato por demais curioso aconteceu : a gravadora Decca descobriu que havia na América um outro grupo chamado Genesis, e começou a pressionar King para mudar o nome do grupo. 


O disco acabou sendo lançado sem nome definido para a banda. Um dos poucos casos na história da música em que um disco tinha nome, mas o artista não. Na capa aparecia apenas "From Genesis to Revelation". E no encarte, uma nota explicava a confusa situação : 


"Agora somos um grupo sem nome, mas temos um disco e queremos distribuí-los para vocês, com ou sem nome". 


A capa (fundo marrom com apenas o nome do disco em cor mais clara) e a sonoridade do disco (letras tão reflexivas que beiravam a temática bíblica, e o som coberto por uma orquestra que foi acrescentada à última hora, e que acabou ofuscando os instrumentos do próprio grupo), fizeram com que grande parte dos lojistas o colocasse na seção de discos religiosos. 


Segundo registros da época, o disco vendeu pouco mais de 600 cópias, um fracasso total, que fez com que John Silver deixasse o grupo, e que eles rompessem com Jonattan King. A orquestra que foi acrescentada nas gravações, decepcionou completamente os músicos, que praticamente não reconheceram no disco as músicas que eles próprios haviam gravado. O grupo parecia não ter futuro, e os pais dos músicos os pressionavam para continuar os estudos. Tudo caminhava para a dissolvição da banda. 




Pois quando menos se esperava, começou a grande virada. Durante o ano de 1969 e o início de 1970 , o grupo recrutou um novo baterista, John Mayhew; os músicos abandonaram os estudos, e passaram meses reunidos, apenas tocando juntos e compondo. Neste mesmo período, Richard MacPhail, antigo amigo e ex-vocalista do Anon, reapareceu e assumiu o papel de empresário do grupo. 


Aos poucos, alguns shows em pequenos clubes foram sendo realizados. Neles, o público pode começar a conhecer a nova face do Genesis. Os músicos se projetavam mais, e já executavam vários instrumentos. Peter Gabriel começou a tocar flauta, acordeon e percussões. Phillips e Rutheford tocavam vários instrumentos de corda, entre os quais o dulcimer, de onde Phillips tirava melodias maravilhosas. 


As novas composições mostravam um amadurecimento assustador : temas longos, melodiosos, e repletos de belas harmonias. Era o rock progressivo, que surgiu no final dos anos 60, e rapidamente tomava conta da Inglaterra. O Genesis começava a se mostrar como um exemplo perfeito deste novo estilo, e acabou despertando o interesse de uma nova e grande gravadora que surgia : The Famous Charisma Label. 


Especializada em rock progressivo, a gravadora crescia rapidamente, e já tinha em seu cast grupos como Van Der Graaf Generator. Pessoas ligadas à Charisma assistiram alguns dos shows do Genesis, e se encantaram. Contrato assinado, os músicos entram em estúdio e gravam o seu 2º disco : Trespass. 


O disco é bastante elogiado pela crítica, e atrai a atenção do público para o grupo. Muitos consideram este o verdadeiro começo da banda, por se tratar do 1º disco em que aparece o som que os consagrou : temas longos progressivos, com vários climas e solos de teclados, guitarras e flautas. Belos vocais de Gabriel. Tudo combinava com perfeição. Havia uma magia por trás das canções. 


A banda começava a crescer, e nessa época, Phillips e Mayhew saem. A saída de Mayhew não foi muito sentida, mas a de Phillips causou preocupação, pois este era uma das figuras mais importantes do grupo. 


No lugar de Phillips, entrou Steve Hacket; e no de Mayhew, Phill Collins. Ambas as escolhas foram mais que satisfatórias, e a partir daí a banda continuou a crescer, e entraria naquela que é considerada a melhor fase de sua carreira. 


Após a bem sucedida turnê de Trespass, o grupo volta ao estúdio em 1971, e grava Nursery Cryme. O álbum é aclamado por público e crítica, graças à magia de seus temas. Steve Hacket se mostra um mestre na guitarra, e Phil Collins, um monstro na bateria, além de um perfeito backing vocal, devido à semelhança de sua voz com a de Gabriel. 


O disco tinha clássicos como The Return of the Giant Hogweed, The Fountain of Salmacis, e a magistral Musical Box, considerada por muitos a melhor música de toda a carreira da banda. 


O som do Genesis já começava a conquistar adeptos fora da Grã-Bretanha, e chegar à América. Em 1972, eles lançam um novo álbum : Foxtrot, e mais ou menos nesta época, Peter Gabriel lança mão de um recurso que os tiraria de vez do anonimato. Ele passa a representar no palco os personagens das canções do grupo, usando fantasias e máscaras. 


Os shows passaram a contar então com as representações teatrais, que combinavam com as músicas e criavam uma atmosfera única. A partir daí, o Genesis se transformou quase numa religião, e passou a ser idolatrado por seu público, que aumentava cada vez mais. 


No início de 73, sai o 1º disco ao vivo, o excelente Genesis Live, que inclui clássicos como Watcher of the Skies e Musical Box, em belas interpretações. 


Ainda neste ano, lançam Selling England by the Pound, um dos melhores álbuns da carreira da banda, com músicas como Dancing With the Moonlit Knight, Firth to Fifth, Cinema Show, e I Know What I Like, que se tornou o maior sucesso do grupo na época. 


A popularidade do Genesis só crescia, eles lideravam o movimento progressivo, que estava no seu auge, ao lado de King Crimson, Yes, Pink Floyd e outras grandes bandas da época. Em 74, seria lançado The Lamb Lies Down on Broadway, um álbum duplo conceitual, contando uma história surreal, a saga do portoriquenho Rael. Outro clássico absoluto. 


A turnê de divulgação foi gigantesca, e nela todo o disco era tocado na íntegra, sempre acompanhado das representações de Gabriel. O sucesso, mais uma vez, foi absoluto, mas dentro da banda as coisas não corriam muito bem. Comenta-se que Gabriel queria realizar trabalhos diferentes do que o Genesis vinha fazendo. E os seus companheiros, por outro lado, já se mostravam descontentes com o formato dos shows, que concentrava todas as atenções em torno de Gabriel. Além disso, achavam que aquilo já estava ficando cansativo. 


Em meio às divergências, explodiu a bomba : Peter Gabriel estava deixando o Genesis. O público entrou em pânico. Como poderia acontecer uma coisa assim ? O que seria do Genesis sem sua principal figura ? O que iria acontecer ? 


O fato é que, em meados de 75, Peter Gabriel saiu em definitivo. E pouco tempo depois, o guitarrista Steve Hacket lançaria um disco solo, muito elogiado, que aumentaram os temores de uma possível separação do grupo. 


Mas eles seguiriam em frente. No início, sentiram uma enorme insegurança. Mas aos poucos, foram assimilando a perda de seu líder, e aproveitando a chance para mostrar um pouco mais de cada um, pois o último disco foi concebido em sua maioria por Peter. 


Inicialmente, procuraram outro vocalista para substituir Peter Gabriel. O novo disco já estava praticamente pronto, e Phil Collins faria o vocal principal em algumas músicas (entre elas Squonk), enquanto as demais ficariam a cargo do novo cantor. Mas eles acabaram não chegando a ninguém. Phil cantava as músicas melhor do que todos os candidatos. 


Então foi decidido que Phil Collins mesmo passaria a ser o vocalista. Nos shows, a banda teria um baterista contratado, enquanto que no estúdio Phil faria os dois papéis. 


Os temores que restavam em relação ao grupo se foram com o lançamento do novo disco. A Trick of the Tail, lançado no início de 76, agradou em cheio os fãs, pois as músicas continuavam muito boas, seguindo a linha progressiva da banda (com exceção talvez da faixa título). E Phil comprovou sua eficiência, com vocais fortes e bonitos. Além disso, sua voz é semelhante à de Peter, assim o público respirou aliviado. 


Nos primeiros shows, o baterista era nada mais nada menos do que Bill Bruford, ex-Yes e ex-King Crimson, considerado um dos melhores bateristas do mundo na época. Mais tarde ele seria substituído por Chester Thompson. 


Ainda em 76, foi lançado um dos melhores discos do Genesis : Wind and Wuthering. Um show de belas melodias, onde se destacam mais ainda os teclados de Tony Banks, além da competência habitual do grupo. Um disco indispensável para os fãs. 


E em 77, viria a público o duplo ao vivo Second's Out, com a turnê de 76, que entre outros destaques, tinha o clássico Supper's Ready, cantado com maestria por Phil Collins, que conquistou aí a confiança dos fãs de vez. Porém este disco acabou sendo o último com Steve Hacket, que deixaria o grupo logo depois. 


A partir daí, eles decidiram continuar como um trio. Mike Rutheford ficou encarregado das guitarras e baixo, e a partir daí o som do grupo mudaria bastante. A saída de Steve foi a gota d'água para a mudança do estilo, e a falta que fez foi evidente. Desde então, o Genesis deixou o progressivo de lado, dando lugar a um som mais simples, mais pop. 


Em 1978, sairia o novo álbum, ...And Then There Were Three. As músicas, em sua maioria, eram mais simples, embora ainda houvesse um resto do clima progressivo em músicas como Burning Rope. Agora, a instrumental era muito mais concentrada nos teclados de Banks, pois Mike, como guitarrista, era bastante limitado. Este álbum trouxe o sucesso Follow You Follow Me. 


Os shows ainda tinham belos momentos. Um guitarrista convidado, Daryl Stuemer, passou a excursionar com o grupo, e se mostrou excelente na função, executando com inegável competência as intervenções de Steve Hacket. 


A partir dos anos 80, Phil Collins praticamente tomou para si as rédeas do grupo, e o som passou definitivamente para o formato pop. Ele começou nesta época uma carreira solo das mais bem sucedidas, e hoje em dia chega a ser mais conhecido do que o próprio Genesis. Sua carreira solo caminhava em paralelo com o Genesis, e a sonoridade de ambos era bem semelhante. 


Os discos que sairam a partir de 1980, se por um lado abandonaram o som dos anos 70, por outro encontraram uma fórmula que os lançou às rádios, e aumentou bastante as vendas. O Genesis seguiu em frente, e conquistou um novo público. O LP Duke, de 1980, trouxe o sucesso Misundertanding, e surpreendeu, entre outras coisas, pelo grande número de músicas que tinha : 12, um número bem maior do que nos discos anteriores, que possuíam por volta de 6 músicas (dada a longa duração delas, e seus arranjos complexos). 


Seguiram até 86, lançando Abacab, Genesis, 3 Sides Live (o 3º ao vivo do grupo) e Invisible Touch. Este último se tornou o mais famoso álbum do grupo, coincidentemente lançado na mesma época em que seu ex-vocalista Peter Gabriel lançou seu disco solo de maior sucesso, So. Invisible Touch foi sucesso absoluto, um dos clips (Land of Confusion) ganhou até um Grammy, e além dela, Into Deep, Tonight Tonight Tonight, Throwing it All Away, e principalmente a faixa título se tornaram algumas das músicas mais famosas do grupo. 


Foi o sucesso deste disco que fez muita gente classificar o Genesis como uma banda pop, e até hoje é assim que muita gente pensa, pois a fase antiga do grupo não teve na mídia a mesma repercussão, o mesmo sucesso dos trabalhos mais recentes. 


Depois deste disco, o grupo parou por vários anos. Voltaria só nos anos 90, lançando We Can´t Dance, que agradou não só os fãs mais recentes, como também obteve elogios de alguns fãs antigos, devido a composições como Fading Lights, que lembrava os tempos progressivos do grupo. Uma imensa turnê se seguiu, e dela surgiram 2 discos ao vivo : The Way We Walk 1 & 2. Um trazia as faixas mais pop, e o outro, os trabalhos mais progressivos, as faixas mais longas. 


A longa parada até o lançamento deste disco mostrou claramente o desgaste do grupo, e o sucesso de Phil Collins como artista solo o fez relegar a banda a 2º plano. Em 96, o inevitável aconteceu : Phil deixou definitivamente a banda. 


Tony e Mike seguiram em frente, e recrutaram um novo vocalista : o escocês Ray Wilson. Um novo disco foi lançado, chamado Calling All Stations. Este disco agradou a muitos fãs antigos, pois ensaiava um retorno ao som progressivo dos anos 70, deixando de lado a temática excessivamente pop dos últimos trabalhos. Só que o disco carecia de uma melhor produção, e o público não aceitou bem a saída de Phil Collins. O disco não vendeu o que se esperava, principalmente nos Estados Unidos. 


Após uma rápida turnê, Ray Wilson começou a trabalhar em seu disco solo. E logo a seguir, um novo projeto começou a mexer com a cabeça de todos, do público aos próprios membros do Genesis: uma caixa de 4 CDs, cobrindo a 1ª fase da banda, estava sendo preparada. A caixa iria incluir material antigo, faixas inéditas, e diversas gravações ao vivo, entre elas um concerto onde o álbum The Lamb Lies Down on Broadway era tocado na íntegra. 


Começou então uma série de boatos e debates sobre a possibilidade da volta da formação clássica do grupo (Peter Gabriel, Steve Hackett, Tony Banks, Mike Rutheford e Phil Collins). As espectativas em torno da caixa eram imensas, e no meio disto tudo dois fatos quase enlouqueceram os fãs. O 1º foi a notícia de que foi feita uma regravação de Carpet Crawlers, na qual os 5 músicos participaram. A outra foi uma declaração de Phil Collins, que disse que, se Peter Gabriel aceitasse reassumir os vocais do Genesis numa eventual turnê de reunião, ele retornaria com prazer, como baterista. 


Porém, até agora isto não aconteceu. A caixa foi lançada em fins de 1998, intitulada "Genesis Archive :1967-1975". Um pacote indispensável para qualquer fã antigo da banda que se preze, este álbum, além da apresentação ao vivo de "The Lamb..." na íntegra, ainda possui versões ao vivo de clássicos como Dancing With the Moonlit Knight, Firth to Fifth, Supper's Ready e Stagnation. E ainda possui uma série de músicas inéditas, entre as quais se destacam The Shepherd, Pacidy, Twilight Alehouse, Let us Now Make Love e Patricia, dentre muitas outras. 


No ano seguinte, sairia uma coletânea do grupo : "Turn it on Again", com os maiores sucessos. Encerrando o CD, apareceu a tão falada regravação de Carpet Crawlers, onde Peter Gabriel reaparece nos vocais, Steve Hackett na guitarra, e Phil Collins na bateria, e também cantando um trecho da música. Por enquanto é tudo que se tem em termos de reunião da formação clássica. Os fãs torcem por boas notícias, e esperam uma nova revelação. 

(fase Peter Gabriel)