Prog

Prog

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Ave Sangria

Eles usavam batom, beijavam-se na boca em pleno palco, faziam uma música suja, com letras falando de piratas, moças mortas no cio. E eram muito esquisitos; "frangos", segundo uns, e uma ameaça às moças donzelas da cidade, conforme outros. Estes "maus elementos" faziam parte do Ave Sangria, ex-Tamarineira Village, banda que escandalizou a Recife de 1974, da mesma forma que os Rolling Stones a Londres de dez anos antes. Com efeito, ela era conhecida como os Stones do Nordeste.

"Isto era tudo parte da lenda em torno do Ave Sangria" - explica, 25 anos depois, Rafles, o ministro da informação do grupo. "O baton era mertiolate, que a gente usava para chocar. Não sei de onde surgiu esta história de beijo na boca, a única coisa diferente na turma eram os cabelos e as roupas." Rafles por volta de 68, era o "pirado" de plantão do Recife. Entre suas maluquices está a de enviar, pelo correio, um reforçado baseado, em legítimo papel Colomy, para Paul McCartney. Meses depois, ele recebeu a resposta do Beatle: uma foto autografada como agradecimento.

Foi Rafles quem propôs o nome Tamarineira Village, quando o grupo tomou uma forma definitiva, com a entrada do cantor e letrista Marco Polo. Isto aconteceu depois da I Feira Experimental de Música de Fazenda Nova. Até então, sem nome definido, Almir Oliveira, Lula Martins, Disraeli, Bira, Aparício Meu Amor (sic), Rafles, Tadeu, e Ivson Wanderley eram apenas a banda de apoio de Laílson, hoje cartunista do DP.

Marco Polo, um ex-acadêmico de Direito, foi precoce integrante da geração 45 de poetas recifenses. Com 16 anos, atreveu-se a mostrar seus poemas a Ariano Suassuna e a Cesar Leal. Foi aprovado pelos dois e lançou seu primeiro livro em 66. Em 69, iniciou-se no jornalismo, como repórter do Diário da Noite. Logo ganhou mundo. Em 70, trabalhou por algum tempo no Jornal da Tarde, em São Paulo, mas logo virou hippie, trabalhando como artesão na desbundada praça General Osório, em Ipanema. O primeiro show como Tamarineira Village foi o Fora da Paisagem, depois do festival de Fazenda Nova. Vieram mais dois outros shows, Corpo em Chamas e Concerto Marginal. A partir daí a banda amealhou um público fiel.

Ciganos
A mudança do nome aconteceu quando o grupo passou a ser convidado para apresentações em outros Estados. Os músicos cansaram-se de explicar o significado de Tamarineira Village. O Ave Angria, segundo Marco Polo, foi sugestão de uma cigana amalucada, que encontraram no interior da Paraíba: "Ela gostou de nossa música e fez um poema improvisado, referindo-se a nós como aves sangrias. Achamos legal. O sangria, pelo lado forte, sangüíneo, violento do Nordeste. O ave, pelo lado poético, símbolo da liberdade do nosso trabalho.

Na época, o som do Quinteto Violado era uma das sensações da MPB. Não tardou para as gravadoras mandarem olheiros ao Recife em busca de um novo quinteto. A RCA foi uma delas. O Ave Sangria foi sondado e recusou a proposta (a RCA contratou a Banda de Pau e Corda).

O disco viria com a indicação da banda, pelo empresário dos Novos Baianos, à Continental, a primeira gravadora a apostar no futuro do rock nacional. Antecipando a gozação por serem nordestinos, os integrantes da banda chegaram no estúdio Hawai, na Avenida Brasil, Rio, todos de peixeira na mão: "Falamos para o pessoal ter cuidado, porque a gente vinha da terra de Lampeão", relembra Almir Oliveira. Foi um dos poucos momentos de descontração da banda. Com exceção de Marco Polo, nenhum dos integrantes conhecia o Rio e jamais haviam entrado num estúdio de gravação.

De peixeira na mão
Como agravante, quem produziu o disco foi o pouco experiente Marcio Antonucci. Ex-ídolo da Jovem Guarda (formou a dupla Os Vips, com o irmão Ronaldo), Antonucci ficou perdido com o som que tinha em mãos, e o pôs a perder: "Ele não entendeu nada daquela mistura de rock e música nordestina que a gente fazia, e deixou as sessões rolarem. O diabo é que a gente também não tinha a menor experiência de estúdio", conta o guitarrista Paulo Rafael. Resultado: o disco acabou cheio de timbres acústicos. O Ave Sangria, involuntariamente, virou uma espécie de Quinteto Violado udigrudi. E adulterado não foi apenas o som. A gravadora não topou pagar pela arte da capa e colocou em seu lugar um arremedo do desenho original, assinado por Laílson.

O disco, mesmo pouco divulgado, conseguiu relativo sucesso no Sudeste, e vendeu bastante em alguns Estados do Nordeste. Uma das músicas que fizeram mais sucesso, e polêmica, foi o samba-choro Seu Waldir. "Seu Waldir o senhor/ Machucou meu coração/ Fazer isto comigo, seu Waldir/ Isto não se faz não... Eu quero ser o seu brinquedo favorito/ Seu apito/ Sua camisa de cetim..." Numa época em que a androginia tornava-se uma vertente da música pop. Lá fora com o gliter rock de David Bowie, Gary Glitter e Roxy Music com Alice Cooper, a aqui com o rebolado dos Secos & Molhados, Seu Waldir foi considerado pelos moralistas pernambucanos como uma apologia ao homossexualismo, quando não passava de uma brincadeira do irreverente do Ave Sangria.

Seu Waldir por pouco não vira mito. Uns diziam que era um senhor que morava em Olinda, pelo qual o vocalista do Ave Sangria apaixonara-se. Outros, que se tratava de um jornalista homônimo. Enfim, acreditava-se que o tal Waldir era um personagem de carne e osso. Marco Polo esclarece a história do personagem "Eu fiz Seu Waldir, no Rio, antes de entrar na banda. Ela foi encomendada por Marília Pera para a trilha da peça A Vida Escrachada de Baby Stomponato, de Bráulio Pedroso, que acabou não aproveitando a música".

O Departamento de Censura da Polícia Federal não levou fé nesta versão. Proibiu o LP e determinou seu recolhimento em todo território nacional. A proibição incitada, segundo os integrantes do Ave Sangria, pelo hoje colunista social do Diário de Pernambuco, João Alberto: "Ele tocava a música no programa de TV que ele apresentava e comentava que achava um absurdo, que uma música com uma letra daquelas não poderia tocar livremente nas rádios", denuncia Rafles. Almir Oliveira diz que lembra dos comentários do jornalista na televisão: "Mas não atribuo diretamente a ele. Se não fosse ele, teria sido outra pessoa, a música era mesmo forte para a época", ameniza. A proibição, segundo comentários da época, deveu-se a um general, incentivado pela indignação da esposa, que não simpatizou com a declaração de amor a seu Waldir.

O disco foi relançado sem a faixa maldita, mas aí o interesse da mídia pelo grupo já havia passado. A Globo, por exemplo, desistiu de veicular o clipe feito para o Fantástico, com a música Geórgia A Carniceira. O grupo perdeu o pique: "A gente era um bando de caras pobres, alguns já com filhos, a grana sempre curta. No aperto, chegamos até a gravar vinhetas para a TV Jornal (uma delas para o programa Jorge Chau)", relembra Marco Polo.

Em dezembro de 1974, o Ave Sangria parecia querer alçar vôo novamente. O grupo fez uma das suas melhores apresentações, com o show Perfumes & Baratchos. O público que foi ao Santa Isabel não sabia, mas teve o privilégio de assistir ao canto de cisne da Ave Sangria. Foi o último show e o fim da banda.


FONTE: udigrudirecife.multiply.com/ 
 
Links:
 

domingo, 19 de setembro de 2010

Joelho de Porco

joelho_02.jpg"Amadrinhado" pela cantora Aracy de Almeida e precursor do movimento punk no Brasil, o grupo paulistano surgiu em maio de 1972, quando tocaram no TUCA, em São Paulo, e era formado por: - Tico Terpins (violão,voz, guitarra base - ex-Os Baobás); - Gerson Tatini (baixista que tocou guitarra por alguns meses, em 1972); - Walter Baillot (guitarra solo - ex-Provos e Século XX - substituto de Gerson Tatini, convidado pelo baixista Rodolfo Ayres Braga); - Próspero Albanese (bateria e vocais); - Conrado Assis Ruiz (guitarra, piano e vocais - ex-Mona); e, - Rodolfo Ayres Braga (baixo e vocais - ex-Terreno Baldio,
ex-The Jet Black's).

Com esta formação - em 1972 - gravaram o compacto simples "Se Você Vai de Xaxado, Eu Vou de Rock And Roll/Fly America", produzido pelo ex-Mutantes Arnaldo Baptista. Dois anos depois, o Joelho lançou seu primeiro LP, "São Paulo 1554/Hoje"; um dos mais elogiados discos do pop da época, misturando rock pesado e referências tropicalistas em faixas como "Boeing 723897" e "Mardito Fiapo de Manga".
Em 1976, entrou o vocalista (e, em seguida, ator) Ricardo Petraglia, que participou de alguns shows. Logo após, entra o cantor argentino Billy Bond, com quem a banda partiria para uma linha mais agressiva, próxima do punk rock que explodia naquela mesma época na Inglaterra.


Nesta fase, começa o desmanche da formação original da banda, com a saída dos músicos Conrado Assis Ruiz, Rodolfo Ayres Braga e Walter Baillot.

Em 1977, o Joelho gravou LP homônimo e, pouco tempo depois, encerrou suas atividades. Tico Terpins partiu para o mercado dos jingles publicitários, montando o estúdio Audio Patrulha.


Em 1983, Terpins - juntamente com Próspero Albanese e o cantor e compositor Zé Rodrix (ex-Sá, Rodrix e Guarabyra) - remontaram o Joelho, que voltou com o LP duplo "Saqueando a Cidade", cujos sucessos são: "Vigilante Rodoviário", "Vai Fundo" e "Funicoli, Funicolá" (versão roqueira da tradicional canção italiana).
Com o vocalista e fotógrafo David Drew Zingg, a banda ganhou o prêmio de melhor letra do Festival dos Festivais da TV Globo, em (1985), por "A Última Voz do Brasil". Em 1988, o Joelho de Porco lançou o LP "18 Anos Sem Sucesso", com repertório do pop americano pré-rock.

Em 1998, Tico Terpins morreu de enfarte.

Em 22 de maio de 2009, no início da madrugada de sexta-feira, o cantor e compositor Zé Rodrix morreu em São Paulo, aos 61 anos de idade. Conforme uma pessoa próxima, o músico havia saído com a mulher mas começou a se sentir mal e retornou para casa por volta de meia-noite. A família acionou uma filha do artista que é médica e que prestou os primeiros socorros ao pai. Ainda quando aguardava a chegada da ambulância para ser removido a um hospital, ele passou mal e faleceu. Zé Rodrix foi responsável por vários jingles de sucesso. No entanto, ficou imortalizado na MPB ao compor “Casa no Campo”, uma das grandes interpretações de Elis Regina e que embalou a geração bichogrilo setentista. Rodrix também foi integrante do grupo Joelho de Porco, "precursor" do punk no Brasil.

A banda Joelho de Porco reuniu 3 musicos em sua formação original: Conrado Assis Ruiz - vocalista, guitarrista e pianista; Prospero Albanese - bateria e vocal e Rodolfo Ayres Braga - baixo e vocal, ambos para um show na "Virada Cultural" em São Paulo em maio de 2009, para milhares de fans na Praça da República. Participaram tambem Franklin Paollilo - bateria e João Paulo Almeida - piano e vocal (que tocou em um Festival de Música em 66 no Colégio Rio Branco, onde surgiu a idéia do nome Joelho de Porco).



Links:

1976 - São Paulo 1554/Hoje
1978 - Joelho de Porco
1983 - Saqueando a Cidade
1988 - 18 Anos Sem Sucesso

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Vamos Saber um Pouco Mais

Rock Progressivo – Vamos saber um pouco mais!

Hey Hey Hey!


Hoje vou falar do Rock Progressivo, ou, simplesmente progressivo (como um adjetivo para designar quase todo tipo de música): esta, talvez, seja a expressão mais significativa dos anos 60 e, provavelmente, sua contribuição mais durável para a música de hoje. Quem criou o termo ou empregou-o pela primeira vez é impossível dizer. O único fato sabido é que ele surgiu na metade da década de 60, exatamente no perído em que surgia a coisa a ser por ele designada: o psicodelismo, a experimentação, o rock como forma musical distinta do rock ‘n roll e do pop.
De fato, para os brasileiros, rock e rock progressivo são, praticamente, a mesma coisa, apesar que o pensamento está mudando muito de um tempo pra cá. A quase totalidade da informação musical rock que chegou ao Brasil e informou músicos e platéia é composta de rock progressivo do fim dos anos 60. Para ingleses e americanos, é fácil distinguir o que é rock ‘n roll e o que é pop. São todos fenômenos oriundo, espontâneamente, de sua vida cultural, alimentados por uma série de pontos de referência. Mas, hoje, nós, brasileiros, também temos mais facilidade para distinguir isto, pois somos bombardeado de informação pelos produtos das companhias fonográficas internacionais.
A expressão rock progressivo designa um conjunto de ideias que se cristalizaram a partir do modo de viver de setores da juventude de classe média, inglesa e americana, na década de 60. Essas ideias são, em grandes linhas, as seguintes: 1ª) a música produzida e consumida por essa juventude seria um fenômeno em permanente evolução, ampliando formas, sons, conceitos, misturando e experimentando tudo o que estivesse ao alcance; 2ª) dessa forma, essa música não seria apenas entretenimento, mas uma expressão da realidade e dos anseios de seus produtores/consumidores, em outras palavras, seria arte; 3ª) os artistas que fizessem essa música deveriam estar, como ela, em permanente evoulução, fazendo obras sempre distintas umas das outras e, implicitamente, de maior qualidade, sempre; 4ª) subjacente a tudo isso, estaria claro que música e músicos estavam evoluindo para algum lugar, ou seja, a música não se resolvia nela mesma, mas aspirava nela mesma, mas aspirava uma transcendência, um chegar-a-algum-lugar. Isso tudo numa só palavra: PROGRESSIVO!

Bob Dylan
Todas essas noções eram desconhecidas no mercado da música de massa (pop music) até então. (O jazz, está claro, já se ocupava disso há tempos, mas ele era uma corrente paralela, embora não isolada do mercado de massa). O rock ‘n roll, que seria o material básico na construção do rock progressivo, ignorava qualquer um desses conceitos. Artistas não mudavam de repertório ou imagem sob pena de perderem suas plateias. Se o faziam, era justamente obedecendo a injunções comerciais. Elvis Presley, por exemplo, descobriu que era mais interessante e lucrativo cantar para garotos e seus pais, daí a profusão de baladas que marcaram o trecho final de sua carreira.
O primeiro artista a desafiar essas noções estabelecidas e preparar o terreno para o progressivo foi Bob Dylan. Dylan surgiu como um cantor Folk, passou a bordo do protesto, incorporou instrumentos elétricos e o rock voltou às raízes country sem avisar oy consultar ninguém. E, mesmo sofrendo no início críticas e até vaias, acabou criando uma plateia imensa e diversificada, reunindo e transcendendo todos esses gostos musicais, tornando-se um dos maiores ícones da história musical.

Mas o Rock Progressivo só surgiu mesmo a partir de 1965, com a colaboração, em partes iguais, da cena flower-power da Califórnia e do psicodelismo inglês dos Beatles. O ponto de contato dessas duas correntes está em 1967, no LP Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Nesse álbum estavam expressas, com clareza, todas as ideias que fundamentam o conceito de “música em progresso”, ou seja, rock progressivo. Basicamente, não era só um produto de vinyl, um objeto de consumo, uma curtição para divertir: era uma obra de arte, concebida como tal e destinada a expressar o pensamento e os anseios de uma plateia em potencial!


No Brasil, cerca de 90% da geração de músicos e compositores que se diz influenciada pelo rock é, na verdade, informada por rock progressivo. Talvez apenas Raul Seixas, Erasmo Carlos, Made In Brazil e Rita Lee guardem em sua música resquícios do rock ‘n roll original, da música pop e da música negra que compõem as demais vertentes do rock. O restante do cenário que se auto-intitula de rock brasileiro é, em última análise, bandas com um conhecimento defasado do ambiente progressivo americano e inglês. Aqui, o termo rock se tornou, via de regra, sinônimo único e exclusivo do rock progressivo, e isto se explica pela própria formação dos músicos, pessoas de classe média que descobriram o rock via Beatles (de 67/68), Cream, Hendrix, Led Zeppelin e Yes. É também interessante notar que, à semelhança do que ocorre na América e na Inglaterra, os jovens de classe média das cidades brasileiras, quando escolhem algum ritmo estrangeiro para sua preferência, a maioria fica sempre com o rock ‘n roll pesado.
Amanhã o R. Makaron irá postar uma matéria sobre o Rock Progressivo Brasileiro, e você saberá um pouco mais sobre uma banda que faz esse som. Espero que as bandas que fazem Rock Progressivo aqui no Brasil apareçam mais no cenário musical, chega dessas bandinhas repletas de viados. CHEGA!

Carlos Maltz

 
A historia todo mundo já sabe, 1985 surge em POA uma das maiores  bandas dos anos 80 os Engenheiros do Hawaii.
Após 15 anos assumindo as baquetas dos Engneheiros, Carlos resolve trilhar um novo caminha, totalmente influenciado pela astrologia, em 1996 si junta com Marcus Melgar,Eduardo “Duca” Mendes, Alexandre Mendes e Gustavo Carneiro Leão, com essa formação deu-se inicio a Irmandade...

Apartir dai, com o fim da irmandade vez si deidicanddo em sua carrira solo!

Para queles que estao achando estranho, realmente, nao si trata de um artista do Prog, mas vale a postagem pelo trabalho simples e honesto que ele executa, sem contar com algumas passagens bem Psicodélicas em suas musicas, Show de Bola!!


Links:

1997 - Irmandade 
1998 - Anjos de Metal
2002 - Farinha do Mesmo Saco 
2005 - Talk Show  PT1 - PT2

Somba

sombaO estilo do grupo tem muito de humor e psicodelia, misturando de Beatles a Mutantes e passando pelo tropicalismo baiano...estas referências estão explícitas na criativa fusão sonora do Somba.

“As letras também trazem sotaque mineiro, com o coloquialismo inspirado em textos de Guimarães Rosa.”

É um quarteto que faz um som para uma banda de seis. Criatividade e humor elogiados.


“O caminho bem humorado aparece logo em forma de ‘Dedetização Nacional’, na música de abertura. É repetido e pulverizado novamente pelas outras doze canções, de maneira nada uniforme. E, pasmem, o único senso de homogeneidade em “Cuma?” não é nem a veia humorística, mas a boa música pop. Esse é o verdadeiro recheio da bolacha oferecida agora pelo quarteto mineiro.”

Links:


2003 - Clube da Esquina dos Aflitos
2007 - Cuma?

domingo, 12 de setembro de 2010

14 Bis

 O show, que se baseia na coletânea 14BIS ao vivo, traz clássicos do grupo
A influência dos Beatles sobre gerações de músicos em todo o mundo, principalmente sobre aqueles que foram seus contemporâneos, é indiscutível. Muitos foram os músicos que perceberam a riqueza de possibilidades da chamada música pop a partir do tratamento inovador - arranjos sofisticados, harmonias complexas e um vocal cuidadoso - dado às suas canções pelo grupo inglês.

Não foi diferente com os cinco rapazes do 14 BIS, que entre outras influências - brasileiríssimas por sinal - tiveram nos Beatles o fator decisivo para sua formação.
Mas as semelhanças terminam aí. Longe de recorrer ao recurso fácil e perigoso da simples clonagem, Flávio Venturini, Vermelho, Hely Rodrigues, Cláudio Venturini e Sérgio Magrão, partiram dos Beatles para compreender a música brasileira e buscar um som próprio, moderno, lírico e de qualidade. Conseguiram tanto que estão na estrada há quase vinte anos. Sobreviveram à saída do líder da banda, Flávio Venturini, em 87, sem perder o rumo. Uma bela Volta por cima. Diferentemente de inúmeros grupos de rock esquecidos na poeira da década de 80, o 14 BIS provou que veio para ficar.

A CÉLULA INICIAL
Quando Cláudio tinha nove anos e Flávio dezoito, em 1968, o tenente Castro Moreira, ou melhor, Vermelho - cujo cabelo cor de fogo não deixava dúvida sobre a razão de seu apelido- entra no cenário musical dos Venturini. O futuro tecladista, arranjador e compositor do 14 BIS conheceu Flávio , em fins de 68, quando ambos serviam juntos no CPOR, com a música e o piano como elementos de ligação de um companheirismo que atravessaria décadas. O embrião do 14 BIS já estava em formação.

Dona Dalila, mãe de Flávio e Cláudio, que sempre se dedicou ao ramo da hotelaria, além de ser grande incentivadora do talento musical da prole, alugou um quarto para o novo amigo de seu filho. Cláudio era ainda muito menino para ser aceito na roda dos rapazes, que se divertiam compondo para as namoradas - a primeira música que fizeram juntos se chamava Eliane-, cantando a duas vozes canções de Simon & Garfunkel, além dos Beatles, é claro. Em geral, compunham a música juntos e Vermelho escrevia a letra. A partir das suas participações em festivais, ainda em BH, conheceram outros letristas com quem também compuseram, como Murilo Antunes e Márcio Borges.
A primeira participação dos dois em festival aconteceu em 69, no Festival Estudantil da Canção de Belo-Horizonte, que abriu as portas para a convivência com aqueles jovens músicos - Beto Guedes, Lô Borges, Tavinho Moura, Toninho Horta, Túlio Mourão - que mais tarde vieram a fazer parte do Clube da Esquina, com certeza o mais importante movimento musical da história recente de Minas, com enorme repercussão na MPB. Mas foi no Festival Universitário, quando "Espaço Branco" (Flávio e Vermelho) tirou o segundo ligar defendida pelo grupo Terço - em sua primeira formação com Sérgio Hinds, Vinícius Cantuária e Jorge Amiden - que sentiram que o sonho poderia tornar-se realidade.

AS OPORTUNIDADES
A partir de 1970, Vermelho e Flávio começaram a se ausentar cada vez mais de Belo-Horizonte, rumo ao Rio e a São Paulo onde o mercado de trabalho ofereciam maiores oportunidades. Participaram juntos do primeiro disco de Beto Guedes, pela EMI Odeon.
Logo depois, Flávio Venturini é convidado para cantar com a dupla Sá & Guarabira em São Paulo. Muda-se de armas e bagagens.
Lá reencontra o grupo Terço e é convidado para entrar e fazer parte dele. Com Flávio, o Terço lança dois discos - Criaturas da Noite e Casa Encantada- ,ambos pela gravadora Copacabana. Já no primeiro disco o mineiro participava com várias composições que foram sucesso, consolidando a posição da banda como uma das mais importantes do país.
Mas o 14 BIS ainda demorou a chegar. Vermelho costumava frequentar os festivais de inverno que aconteciam em diversas cidades do interior de Minas e acolhiam estudantes e professores de música de todo o Brasil. Estava sempre em busca de novidades. Num desses festivais, conheceu o Bendegó, foi convidado a integrar o grupo, e passou a viajar pelo Brasil.

Nesse meio tempo, havia uma garagem que dava muito o que falar em Belo-Horizonte. Dona Dalila, mãe de Flávio e Cláudio, montou um pensionato feminino numa casa na Av. Pasteur, em cuja garagem aconteciam os ensaios da turma. A garagem, além de estúdio, servia de quarto Cláudio que já era um adolescente de 14 anos e não podia morar na casa principal para não desmoralizar o pensionato.
Apesar dos amigos músicos irem à garagem pela fissura de tocar, as meninas eram um atrativo a mais, uma platéia para ninguém botar defeito. Afinal eram 42 moças. Vermelho, Beto, Hely, Paulinho Carvalho, Zé Eduardo, Lô Borges, praticamente todos os músicos de BH passaram pela garagem. Foi quando Vermelho convidou o baterista Hely Rodrigues para tocar no Bendegó. Acompanharam Caetano Veloso em turnê, chegaram a gravar um disco do grupo e só saíram em 72.

Enquanto Hely e Vermelho estavam no Bendegó, Flávio fazia parte do Terço. A família encarava com certo ceticismo o interesse de Cláudio pela música. Imaginava tratar-se de um deslumbramento adolescente.

PREPARAR PARA A DECOLAGEMEm 77, Flávio deixou o Terço. Logo em seguida, gravou A Página do Relâmpago Elétrico (EMI Odeon), primeiro disco de Beto Guedes.
A Página do Relâmpago ElétricO foi lançado no Teatro Ipanema, em janeiro de 78, em pleno verão carioca. Cláudio, que havia terminado o curso técnico em eletrônica e já estava no ITA cursando engenharia eletrônica, cada vez mais apaixonado por música, encontrou um caminho do meio para seus talentos: foi ser técnico som dos shows de Beto. Após o lançamento no Rio, seguiram em turnê pelo Brasil.
Impossibilitado de continuar freqüentando as aulas, Cláudio largou a faculdade. Beto, vermelho, Hely Rodrigues, Zé Eduardo e Flávio Venturini formavam a banda. Praticamente todos os futuros integrantes do 14 BIS estavam ali. Ficava faltando apenas Sérgio Magrão, o contrabaixista do grupo.

Flávio Venturini e Magrão se conheceram em São Paulo no Terço. Foram convidados por Sérgio Hinds para fazer parte da terceira formação do grupo. Entre 77 e 79, já desligado do Terço, o baixista teve sua própria agência de propaganda, a Trâmite Publicidade , em sociedade com
o publicitário Daniel Haar. A empresa ficava numa casa em Perdizes, um bairro em São Paulo. O 14 BIS nasceu ali no pequeno estúdio que mantinha para gravar os jingles das campanhas. Curioso o fato da maioria não estar tocando com ninguém. Desde quando Beto Guedes partiu para a carreira solo, Vermelho e Cláudio estavam em São Paulo trabalhando em aluguel de equipamentos de som para shows, que eles próprios operavam. Flávio e Vermelho tinham participado no ano anterior das gravações do Clube da Esquina II, de Milton nascimento, incluindo alguns arranjos. Cláudio, no início de 79, acompanhou Lô Borges - com quem aliás começou - no seu disco Via Láctea, além de tocar nos shows do amigo.
Mas todos queriam dar um outro rumo às suas carreiras.

Flávio, Vermelho, Cláudio e Hely estavam planejando montar uma banda ainda sem nome. Precisavam de um contrabaixista e convidaram Magrão,considerado um dos melhores músicos da década de 70. " Quando escutei "perdidos em Abbey Road" e "pedra Menina" fiquei alucinado. Era tudo o que eu queria, com vocal, harmonia e muita influência dos Beatles" - conta o única carioca do grupo.

A gravadora EMI-Odeon vinha sondando Flávio Venturini para gravar um disco solo, este propôs o trabalho da banda, ainda sem nome.
Depois de muito brainstorm , surgiu o nome 14 BIS que agradou a todos e batizou também o disco. Convidaram Milton Nascimento para produtor.
A estréia em disco, em 79, não podia ter melhor padrinho.

CONSTRUIDO O SUCESSO
O 14 BIS surge num momento em que o mercado carecia de bandas com um som jovem. Além dele, só havia A Cor do Som e o Roupa Nova.
As canções melódicas, originais, com vocais apuradíssimos e a interessante mistura de rock progressivo e a música regional repercutiram não só entre o público mas também na crítica, que recebeu favoravelmente o trabalho. Os cinco foram retratados em estilo barroco na capa do primeiro disco pelo pintor Pedro Algaza, que recebeu elogios de Caetano Veloso.

Em 80, Vermelho, Magro e Flávio foram morar no mesmo prédio em Jardim Botânico, bairro da zona-sul carioca. Hely e Cláudio preferiram fazer
ponte aérea Rio-BH, mas transformaram o Hotel Astória em segundo lar. Venderam 70 mil cópias do disco, o que para a época era considerada uma performance excelente. " Canção da América" e " Natural" estouraram nas rádios. O grupo vivia nos mais importantes programas de televisão da
época: Globo de Ouro, Chacrinha, Bolinha, Angélica, além de muitos Fantásticos. Bancaram os atores na novela Coração Alado, da TV Globo, na qual o personagem de Tarcísio Filho tinha um conjunto.

Uma das ambições do 14 BIS era se manter na vanguarda tecnológica dos grupos de rock do país. A preocupação com a qualidade do som sempre foi uma constante. Já em 82, foram aos EUA. Voltaram cem mil dólares mais pobres e com uma tonelada e meia de equipamentos de última geração.

Antes, em 80, já haviam lançado o segundo LP, o 14 BIS II, que trazia um clássico da década, "Caçador de mim", de As e Sérgio Magro. Mais tarde Simone e Milton Nascimento regravaram "Caçador de mim". Os sucessos se multiplicavam. Cada disco tinha parada obrigatória, às vezes com duas ou mais músicas, na lista das mais executadas das rádios de todo o Brasil. Espelho das Águas (EMI/81) com " A qualquer tempo", " Nos bailes da vida" e " Mesmo de brincadeira"; Além, Paraíso (EMI/82) com "Uma velha canção rock'n roll" e "Linda juventude"; Idade da Luz(EMI/83) - com parte da produção feita em Los Angeles - com "Todo azul do mar" e "Nave de prata".
Com A Nave Vai (EMI/85), a preocupação em utilizar os melhores recursos tecnológicos à disposição no mercado redobrou. O esmero nos arranjos também.
Sentiram necessidade de trocar experiências com outros músicos. Convidaram o saxofonista Leo Gandelman para participar dos arranjos da faixa "Só se for", sucesso do disco Sete(EMI/87) contou com a participação de Renato Russo ("Mais uma vez") e Kiko Zambianchi("Templo").

PONTO DE MUTAÇÃO
Ainda em 87, um acontecimento veio modificar o rumo do 14 BIS. Desde 82, Flávio Venturini vinha se equilibrando na corda banda para conciliar duas agendas. Tentou ao máximo desenvolver sua carreira solo sem prejuízo da banda. Até ali tinha conseguido, mas as custas de um desgaste enorme.
Com a aprovação e o incentivo da banda, fizeram um último disco juntos ( 14 BIS ao Vivo/EMI/87), gravado ao vivo no Palácio das Artes,em Belo-Horizonte, em pleno Natal, para fazer sua despedida em grande estilo. Vieram ônibus de fã-clubes do Brasil inteiro.
A saída de Flávio não alterou a agenda de mais de cem shows anuais da banda. O novo disco, Quatro por Quatro (EMI/93), demorou um pouco a chegar.
Quiseram dar-se esse tempo para maturar novas canções e buscar uma sonoridade que melhor expressasse a transição por que estavam passando.
Foram convidados pelo produtor Mariozinho Rocha para entrar na trilha da novela Pedra sobre Pedra, da TV Globo, com "Dona de mim" (Moacyr Luz e Aldir Blanc). Qualquer dúvida a respeito da capacidade de sobrevivência do grupo sem Flávio Venturini foi dissipada com a enorme repercussão de "Dona de mim". Não precisavam provar mais nada a ninguém!
Cláudio, Hely, Vermelho e Magrão ainda tiveram que passar por uma nova transição. Saíram da EMI após quase 15 anos de trabalho, o mesmo tempo que tinham de carreira. Não se abateram. Logo arregaçaram as mangas e em 95 lançaram o CD Siga o Sol, já pela gravadora Velas.
Tiveram carta branca e gravaram em Nova York, onde permaneceram um mês, com o produtor Mairton Bahia, o mesmo de João Gilberto e Legião Urbana.


NOVOS RUMOS

Uma nova experiência os aguardava entre 97 e 98. Foram contratados juntamente com o grupo vocal Boca Livre para fazer shows no interior de São Paulo.
O encontro foi um êxito junto ao público, um verdadeiro achado. Desde então, os dois grupos separaram parte da agenda para um trabalho em conjunto. Além da experiência musical muito rica e dos muitos pontos em comum, os rapazes se divertem demais com o encontro e o público só tem a ganhar.
Em 1999 o 14 BIS se envolve num novo projeto ainda mais instigante. Para quem se habituou a ouvi-los envoltos em sofisticadas parafernálias tecnológicas, como é de se esperar, aliás, em qualquer banda de rock, vai ser uma surpresa. Foi lançado o acústico do 14 BIS com participações especiais de Flávio Venturini, Beto Guedes, Lô Borges, Milton Nascimento e do Boca Livre. Em 99, o público já conta com o novo CD, que vem com dez regravações e quatro inéditas.
Em 2001 os shows realizados com o Boca Livre transformou-se em um cd gravado ao vivo no ATL Hall, Rio de Janeiro.
Em 2004 lança um cd de músicas inéditas, Outros Planos.

Os rapazes do 14 BIS encararam cada trabalho como uma oportunidade de renovação.
Qual o segredo? Tudo tem sabor de primeira vez. Dos beatles, ídolos de sua juventude e influência maior,

fazem questão de manter uma diferença:
para eles o começo foi um sonho, um sonho real que não tem mais fim.


Links:

1979 - 14 Bis
1980 - 14 Bis II
1981 - Espelhos das Aguas
1982 - Alem Paraiso
1983 - A Idade da Luz
1985 - A Nave Vai
1987 - Sete
14 Bis - Ao Vivo (1987)
1993 - Quatro por Quatro
1996 - Siga o Sol
2004 - Outros Planos

Som Imaginário

 

 Som Imaginário foi uma banda brasileira formada no princípio da década de 70.
Criada primeiramente para acompanhar o cantor Milton Nascimento no show "Milton Nascimento,
ah, e o Som Imaginário".Contou com a participação do músico Wagner Tiso antes de sua bem-sucedida carreira solo.  O Frederyko  (ou Fredera), que também é pintor, escultor e jornalista,
era o guitarrista solo desta banda, um dos maiores guitarristas brasileiros e que hoje reside na cidade de Alfenas no sul de Minas Gerais.

O grupo passou por várias mudanças de formação e lançou no total três discos.
Matança do Porco, provavelmente o mais progressivo, contou com os vocais de Milton Nascimento. Além deste artista, o Som Imaginário acompanhou em gravações MPB-4, Taiguara, Marcos Valle, Gal Costa, Odair José, Carlinhos Vergueiro, Sueli Costa e Simone, dentre outros.


Links: